Macumba de sétimo dia de Rhuan Sales

Macumba de Sétimo dia, de Rhuan Sales para o Toma Aí Um Poema.

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Macumba de sétimo dia – Rhuan Sales

 

Primeiro eu deixei um sonho na lembrança de uma sobra depois embrulhei os passarinhos sem rota com jeitinho, dobrei também os ventos sem destinos e acendi uma lua nova comecei a minha reza de dentro para fora bem devagarzinho

para benzer e curar os calos e as dores que o mundo causam nas costas.

 

E assim fui tomando a cidade inteira bebendo ela em golinhos pois meu coração além de metido é bandido então eu posso,

fraturei as linhas dos sentidos para entender o que os olhos tem dito disseram para não respeitar essas verdades mentirosas impostas, então eu afiei a faca e cortei a língua que doutrina e a liberdade deu um sorriso de misericórdia.

 

As pessoas embriagadas pela reza dançavam sem culpa e sem dúvida, de que o paraíso tinha nascido de baixo das nossas botas. As diferenças não tinham mais importância, pois deus e o diabo também entraram na dança,fizeram amor em meio ao céu estrelado e descobriram que gostavam da mesma fruta proibida desde o começo da história, era lindo, pois todas as certezas foram mortas.

 

Mas nesse momento, em meio a minha macumba de esperança na manhã de domingo que reconciliaria a nossa raça fui interrompido pelas palmas no portão de casa, que entraram em meus ouvidos eram dois sujeitos de palito em um sol da desgraça

que queriam um minutinho,estavam convencidos que eu precisava da palavra do deus que eles pregavam

 

Eu com os olhos fadigados, calçado de raiva por ser interrompido, falei em suas caras, se nem no dia de descanso vocês dão folga para o coitado como é que vocês querem serem salvos? Eles foram embora cabes baixo, minha macumba foi por água a baixo, mas pelo menos deus e o diabo me pagaram uma cerveja pela folga e pela esperança que eu havia lhes proporcionado.


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