A Antologia Chorando Pela Natureza reúne poesias que, em comum, abordam a questão das relações insustentáveis envolvendo o meio ambiente. Algumas vezes aparecem através de poemas diretos que denunciam a devastação, em outras abordando o debate geopolítico envolvendo o território indígena, e em outras, ainda, critica a postura dos homens. Também integram a coletânea poemas sobre a crise climática, a Amazônia, o futuro dos recursos naturais e a saúde e vida na terra. Ao todo, o livro reúne o material de 85 poetas contemporâneos do Brasil e de Portugal.
Número de páginas: 118
Idioma: português
ISBN: 978-65-81362-15-7
Autores
Adriana Teixeira Simoni
Adriano Besen
Alana Aguida Berti
Alberto Arecchi
Alessandro José Padin Ferreira
Alex Oliveira
Alexandre Morais Paulino
Alexandre Saro
Alice Priestly
Alline Rodrigues
Alvaro Tallarico
Anderson Magalhães
André Eitti Ogawa
André Pacheco
Andreza Andrade
Belise Campos
Brunno Vianna de Andrade
Bruno Neves
Claudiane Andrezza Zanetti
Daniel Mauricio
David Ehrlich
Denise Courtouké
Dia Nobre
Edgar Borges
Emily Lima Bispo Bomfim
Estefania Tabata
Evandro Valentim de Melo
Fernando E. Baggio di Sopra
Flavia Ferrari
Flavio Theodósio Junkes
Gabriel Lemos Rocha
Gabriela Lages Veloso
Gilliard Santos
Glaucio Bandeira
Guilherme Fischer
Gustavo Anjos
Henrie S Reis
Hortência Siebra
Isabel Furini
Isabelly Raiane Silva dos Santos
Jaime Jr.
Jéssica Iancoski
Jeypterr
João Schlaepfer
Jorge Bernardi
José Roberto C. Nascimento
Julia de Campos Preto
Kátia Sentinaro
Lara Machado de Oliveira Santos
Leandro Emanuel Pereira
Lua Pinkhasovna
Lucas F. A. de Figueiredo
Lucinda Cunha
Luis Santana
Luiz Claudio Costa da Silva
Manoel Roberto
Marcelo Daki
Marcus Krause
Maria Luiza de Castro da Costa
Mariana Cambirimba
Mateus Nunes
Mayra Luiza Corrêa
Meriva Pinheiro
Naira Diniz
Olivaldo Júnior
Paulo Florindo
Paulo Roberto de Oliveira Caruso
Pedro Henrique Carvalho
Reinaldo Fernandes
Ricardo França de Gusmão
Robinson Silva Alves
Rozana Gastaldi Cominal
Sabrina Gesser
Saul Cabral Gomes Júnior
Silvia Schmidt
Simone Gonçalves
Sirineu Bezerra de Oliveira
Soraia Torres
Thales Baruffi
Tiago Coutinho Ramazzini
Tim Soares
Valdeck Almeida de Jesus
Venâncio Grosso
Victor Coimbra
Yago Marinho
Zyon Colbert
Elizandra Sabino
Gilmar Fernandes Martins
Fagmota
Lucas DeloSantos
Marina Luiza
Ives Natan
Isabela Siqueira Cropiniski
Marcos Pontal
Iara Cali
Ingrid Vasconcelos
Tiaago Augusto Figueiredo
Soeli Tiegs
Wellington Nunes de Oliveira
Ulisses Andrade
Sobre
“…Os poetas, testemunhas do horror, não irão se calar, e através das palavras aqui impressas, a memória terrível ficará registrada, como dor, sede e fome de vida; manifesto aos uivos, através de letras escritas com o sangue dos animais, com as tripas dos buchos de bichos estourados durante as queimadas, com o tombar das árvores e corpos dos povos indígenas. Os parágrafos deste livro pedem socorro, para que animais não sejam enforcados por prazer, florestas não sejam derrubadas para encher bolsos escusos. Flores e folhas não merecem ser extintas, enquanto homens compram mansões, fazem trocadilhos nojentos que valem bilhões, ao invés de proteger a vida das pessoas, ou se reúnem às escuras para lacrar seus contratos imundos que brincam com a saúde das pessoas!
Este grito ecoará em todo o ecossistema, em cada minúscula célula e grão de areia, ressoará junto com os rugidos e pios de pássaros, este grito é o começo de um movimento que pretende que nenhum jovem sinta ansiedade climática, fenômeno que se espalha pelo mundo….”
Denise Courtouké
5 Poemas da Antologia
Gabriela Lages Veloso – A ilha de pedra
Certa vez foi dito que
precisamos sair da
ilha para vê-la,
em sua plenitude.
Daqui observo os telhados,
o traçado das ruas,
o ir e vir de pessoas
carros e motocicletas.
Daqui enxergo tudo claramente,
o verde quase inexistente,
o ar cinzento,
os lugares invisíveis.
Daqui vejo a ilha de pedra
edificada sobre os restos de vida,
onde todos correm sem destino
e os dias são sempre os mesmos.
Thales Baruffi – Queimadas
Ó, Sinhô
Quero que queimes
Tu queimes como minha mata
Que teus filhos virem cinza
E tu pereça na fumaça
Sinhô não devia tá nesse mundo não
Ande para o fogo com tuas mentiras
E teus amigos
Ó Sinhô,
Como te odeio por me fazer descobrir
A vontade de te ver queimando
Mayra Luiza Corrêa – Cabo de guerras
Um puxa de lá,
Outro polui daqui,
Não há força pra soltar
O preço é esmaecido, aflito.
A gota acaba sem manancial
A solidão bomba e flui líquida
Não mais maresia,
Só mar se vai
Ensacam água!
Plastificam água!
Sujam água!
Choram água!
Acordo para ser fluído…
Mas alguns compraram os sonhos
E ainda pagaram com o sangue
Dos outros
Haverá dia sem chuva para beber
Podre é quem usa o céu contra nós
Poluído de ouro-barro, rio…
O que corre em nossas veias é oceano
Alexandre Saro – Vera Cruz
As terras sem donos
Obedecem às leis naturais
Regidas pelos astros
E a mãe natureza
No rasgar do véu
Sob o céu
– da constelação de Ema.
Um sacrifício, um ritual.
Prenunciando o caos
Fim da inocência
Fim da harmonia
Fim da lenda
Fim da vida
Com animais extintos
E árvores caídas
Com a chegada das caravelas
LUA PINKHASOVNA – OS DONOS DESSA TERRA
Terra não é apenas um amontoado de areia,
não é apenas uma área, assim como também não é uma matriz de lucro
ela é de quem não a vê como inumana, supérflua e vão,
mas sim, como fundamental, cultural e histórica
pois sabe que a mesma retém lágrimas,
sangue e restos de povos e culturas em cada grão
e em cada secura ou umidade carrega a história,
que conta desde os primórdios que:
Muito antes de soja, Guaranis
Muito antes de gado, Caiapós
Muito antes de máquinas agrícolas, Potiguaras
Muito antes de madeireiros, Kaingangs
Muito antes de grileiros, Xoklengs
Muito antes de mineração, Tupinambás
Muito antes de empreendimentos, Pataxós
Muito antes de latifundiários, Carajás
Muito antes de ganância, Charruas
Muito antes do homem branco sonhar fazer um país, tribos indígenas já habitavam este solo.
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