Neste post, reunimos 10 poetas paranaenses contemporâneos para você conhecer!
Esta seleção faz parte da Revista Toma Aí Um Poema N2.
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Jéssica Iancoski
Jéssica Iancoski é escritora, poeta e artista plástica. Publicou em várias antologias e revistas, nacionais e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 15 anos. É idealizadora do Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias, segundo o Spotify – com mais de 50 mil ouvintes diferentes, ao longo do tempo. Nasceu em Curitiba em 10 de Fevereiro de 1996. É formada em Letras pela Universidade Federal do Paraná e em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Ideologia Macarrão
pode até ter
de sêmola
mas
o brasieiro
pai de família
come
renata com ovos
isabela com ovos
adira com ovos
vilma com ovos
barilla com ovos
até dona benta
com ovos
mas fala
sempre que
prefere
espaguete
à penne
grano duro
o importante
mesmo é não
conter gordura
trans
Ibiapina
No ibi há Macaba
Emburi Indaiá
Guirá que pia
Não é só sabiá
: tem Jacu Macuco
Maritaca Tangará
vida com mais potira
se não fosse Ibiapina
é uma pena é uma pena
a Ibiapina a Ibiapina
a Ibiapina
Isabel Furini
Isabel Furini é escritora, poeta e palestrante. Autora de 35 livros, entre eles, “Os Corvos de Van Gogh” (poemas). Participou de Antologias poéticas em Portugal, Argentina e Chile; é criadora do Projeto Poetizar o Mundo; acadêmica da AVIPAF (Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia); coeditora da Revista Carlos Zemek de Arte e Cultura; recebeu Comenda Ordem de Figueiró, Artes e Cultura do Brasil; Realizou um recital poético na 36a. Semana Literária do SESC & XV Feira do livro da UFPR, em 2017, e um Recital Poético bilingue (espanhol traduzido ao inglês pela senhora Barbara, organizadora do evento ) na Biblioteca Pública de Burlingame, Califórnia, USA, em 2018. Seus poemas foram premiados em Brasil, Espanha e Portugal.

NATUREZA HUMANA
prisioneiros do espaço-tempo
somos seres precários
impermanentes
cientes de estar condenados à lapide
– no contexto da galáxia somos insignificantes
menores que amebas
mas nada desfaz a arrogância humana.
O POETA
Sonha com poemas e acorda na noite,
escrevendo com os dedos versos no ar.
Adora navegar sobre ondas de folhas em branco,
velejar nos cadernos novos,
pular sobre areias de palavras,
correr na praia procurando o Verbo.
Livros, cadernos, papéis e mais papéis…
Continua a lutar com ondas indomáveis,
organiza os termos,
mas só ancora no oceano dos sentimentos.
Nesse instante, o poeta compreende
o poder do caos primordial.
Adam Mattos
Adam Mattos é um mensageiro do sombrio, do macabro e do desconforto. O autor, de 35 anos, nascido em Londrina, dedica seus dias a criar páginas aterrorizantes para os seus leitores e incentivar a leitura de autores nacionais. Estreou com o livro de poesia “Alma em pedaços”, que deu início também a uma trilogia da maldade, composta por mais um livro de contos, “Devaneios de uma mente perturbada” e um romance que está em processo de escrita.
Além disso, o escritor já participou de 15 coletâneas e administra vários grupos voltados para a literatura, como o clube de leitura da Flyve. Ele também é membro da Academia Independente de letras, ocupando a cadeira 170 – “A Tolerância” e embaixador internacional da paz, pelo “World literary forum for peace and humanrights.

O TAMBORILAR DO CORVO
O tamborilar de algo lembra uma cantiga
Remete-me aos lúgubres vazios…
Como era mesmo aquela música antiga?
Acho que era do Vivaldi com Hugo Emil
Mas esse é um concerto de violino alegre
E por que essa lembrança me faz tremer?
Mesmo que de tudo eu abnegue
Nunca deixarei de sofrer
Acho que finalmente entendo os corvos do holandês
Eles estão fugindo, mas sempre voltam.
Com a mesma rapidez
Que os achaques do passado me afetam
Eles voltam por não ter escolha
Assim como nossa mente insiste no pensamento cruel
Nunca um sentimento impoluto abrolha
Como os corvos, presos para sempre por um pincel.
Assassino
O sol bate no olho do homem
E desvia seu olhar por um segundo
Quando volta a olhar, suas vítimas somem
Lhe trazendo um sentimento profundo
Calmamente ele espera um momento
Até avistar outra possível vítima
Dessa vez escolherá com bastante discernimento
Para que sua ação seja legítima
Avista uma mulher grávida andando
Mira sua arma bem na barriga
E já visualiza aquela mulher afundando
Duas mortes em uma lhe intriga
Ele dispara não com o dedo, mas com o coração
Para sentir o prazer profundo do abate
A mulher cai já sem respiração
E ao fundo só se ouve um cachorro que late
David Ehrlich
Nasceu na Alemanha, mas atualmente reside em Curitiba. Ávido devorador de livros, é fascinado pela escrita desde que aprendeu sobre essa arte. Graduou-se em Comunicação Social — Jornalismo e especializou-se em Narrativas Visuais. Aspirando ser escritor profissional, começou a participar de concursos literários na faculdade. Trabalha como trainee na Associação Paranaense de Imprensa (API) e também como redator freelancer pela Rock Content.

O JORNALEIRO E A LAVADEIRA
Não tinha ambições desvairadas, o anônimo jornaleiro,
O desgraçado adolescente
Que, com resignação quase bovina,
Já se acostumara a sofrer.
Iludido, desconhecia suas misérias.
Então, ouviu a cantiga da lavadeira
E começou a pôr alma nas coisas:
Via beleza no seu rosto,
Lirismo nos seus gestos.
Era pobre e cansada,
Mas, aos olhos do jornaleiro, mudava.
Uma vez, tomou as mãos dela
E, pousando seus olhos nos dela,
Disse, docemente e com sinceridade,
Que ela não lhe era indispensável,
Mas lhe fazia bem
E ele sentiria se ela partisse.
Ela o odiou e não mais o quis.
Ele não mais a quis, quis esquecê-la,
Mas amada de poeta é eterna,
Pois o sofrimento, através da arte,
A diferenciava de todas as mulheres.
Então, certo dia, por acaso,
O jornaleiro viu, de novo, a lavadeira,
Algemada a outro destino.
Um pequenino detalhe qualquer reacendeu, por um momento,
A memória de outros tempos.
– Cadê aquela coragem,
Aquela ligeireza de gestos,
Aquela ousadia?
Quem te fez tão outro assim?
Ele ia responder com o nome dela,
Mas respondeu apenas: a vida.
Na noite morta,
Fria,
Com um violão insistente,
Em uma toada triste,
Que errava no ar
E vinha direta,
Doente,
Insistia a saudade
Em envenenar a alma dele!
Neuzi Barbarini
Neuzi Barbarini é uma mulher comum que escreve poesia. Também é psicóloga, professora de Psicologia e autora dos Livros “Poesia de uma mulher comum”, publicado pela editora Scortecci e “Inventário”, pela Patuá.

Atraso
Um dia terei
a ousadia das mulheres que ancoram navios no ar.
Por ora só um jeito de olhar
para as coisas quase do jeito que elas são:
um ponto de ônibus,
de esperas infinitas,
o passar dos carros apressados
e das gentes nem tanto.
Olho o relógio de pulso, que ninguém mais usa,
e vejo nele o meu atraso.
Hoje o dia vai ser corrido.
Refinamentos
Busca um refinamento,
mas dos pés que pisaram chão bruto
sai um caminho com cheiro de batatas recém-saídas da terra
que queimam no braseiro
e são comidas com a mão.
Procura refinamento,
mas das mãos que carregam batatas
saem gestos largos,
sem comedimento,
e braços que apertam no abraço.
Queria refinamento
mas da boca bruta
saem brasas,
palavras de terra,
palavras-batata, recém colhidas,
alimento
sem refinamento.
SONHEI POEMAS
Sonhei poemas
em capas duras
e iluminuras.
Acordei banal,
lápis em papel jornal.
Flavia Quintanilha
Flavia Quintanilha é poeta, nascida em Maringá-PR.Possui graduação em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina. É mestra em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista e doutoranda em Filosofia pela Universidade de Coimbra. Membro colaborador do Instituto de Estudos Filosóficos da Universidade de Coimbra, pesquisa na área de Filosofia Prática e Ética com ênfase na Racionalidade Hermenêutica, Identidade Narrativa e Metapoesia. Em 2015 publicou o livro Aporias da Justiça: entre Habermas e Rawls, pela Novas Edições Acadêmicas e em 2018 o livro de poesia A mulher que contou a minha história, pela Kotter Editorial – selo Sendas.

já não escuto
já não escuto
sou todas as línguas
ditas em sussurro
vapor da boca em frio
cobrimos a névoa de força
e não a rompemos
batida cadente do tambor dito em cuore
é dessa cor que forjo minha coragem
num rio que corre arrastando as penas
Todo dia
todo dia
nova cor
que não vê
nem sabe
que floresce nova
mira
muro em guarda
é nada que chegue a ti
poesia
pura
vira pó
no ciclo de todo
Não!
outro
homem dia
finda
delicadeza e sumo
vaga o olho
nada crava unha
mal disse
fica encolhida
no círculo do medo
e de nós
voz
silêncio do não
querer
nada de canção
sonar da busca
em abandonar
o ser tão
d’existir
do és
desistir
[a]ferimos
[a]ferimos
milimetricamente
nossos sim e não
chovemos
ensolaramos
e o amor não floriu
estacamos
pela paga garantida
solidão
Thomas Brenner
Thomas Rodolfo Brenner, curitibano nascido em 1982. Autor do livro Desaforos, aforismos & outros foras (Editora Penalux, 2013) e da plaquete Ressurreição (Editora Primata, 2021) – ambos de poemas.

Vende-se
em terra de cego
quem fere com ferro
não corre perigo
em terra de cego
enterro meus mortos
na sombra do olvido
em terra de cego
se entregam à míngua
a água e o ar
em terra de cego
vendo meus olhos
cansei de chorar
Sísifo enclausurado
déspota de duas faces
– sístole e diástole –
trancado em meu tórax
perseguindo ritmos
e algoritmos
encarando desde sempre
a pedra do repente
de repente é a vida
morro abaixo, morro acima
morro enfim
o coração continua
depois de mim?
Canção
insisto
sou aquilo
que resiste
sombra que pousa
no varal
assovia
o pardal já não existe
Lopse Lazuli
Lopse Lazuli (Juliana Lopes), é escritora, produtora cultural e musicista. Natural de Porto Alegre/RS, reside em Curitiba/PR, onde cursa o Bacharelado em Musicoterapia. Integrou coletâneas da Editora Urutau, Editora da UNICAMP, Mulherio das Letras Portugal e coletivo As Marianas, além de ser uma das 10 finalistas do 10º FESPOED, em 2020. Integrante do coletivo feminista artístico VozesEscarlate (@vozesescarlate), está processo de publicação de seu livro de estreia, “Novas sobre ela”, pela Editora Hecatombe.

Cavalo-Marinho
Sempre há uma lágrima
Que atravessa uma face,
Que faz trapaça na carne,
Nesse momento,
Nessa hora,
Em algum lamento,
Alguma senhora,
Nesse país.
No horário de Brasília,
Na Avenida Paulista,
Vaivém no Ver-o-Peso,
Escorre-me na Baía
De são o que eu sou:
Salva da dor.
A morrer na praia
De amores líquidos,
Cavalo-marinho
Da baia e da Bahia
De todos os santos
Inocentes
Salvos da mácula,
Da nódoa e da
Larga lagoa
Cega catarata
Que é o amor.
Falta de luz
pelos poderes
de uma deusa
movi as pedras
que se imaginam
donas delas mesmas
saber não ser senhora
saber não cercear-se
saber que a lição
pode ser só
tomada
Lilly Magaflor
Profissional do marketing, mãe, mulher de 40 anos que por toda sua vida, foi apaixonada por Poesia. Seus poemas são delicados e existencialistas, transparecendo a alma observadora e sensível da poeta. Um mergulho lírico de muita intimidade.

Lilly Magaflor.
Nasci.
Existo.
Escrevo.
Poeto!
Sou mulher.
Me fiz mãe.
Me permiti Poeta.
Isso é tudo.
Só eu sei
Só eu sei do inferno e da tempestade
de estar dentro de mim.
Só eu sei do peso contínuo que arrasto.
É só minha a loucura de se sentir assim.
Só eu sei do desespero que vem do nada e
domina tudo.
As inúmeras noites mal dormidas.
A vertigem e falta de ar.
O espelho sombrio que me diz não
haver saída.
Os ombros de concreto, o pescoço enrijecido.
O peso do mundo me soterrando a cada passo.
Só eu sei!
Não há ajuda que chegue,
luz que atravesse,
ou calor que reverbere.
Não há nada!
Só há eu saber.
Saber e nada, absolutamente nada,
conseguir fazer.
Jaime Jr.
Nascido em Curitiba, PR, em 22 de março de 1983, é Engenheiro Florestal, Especialista em Gestão Hídrica e Ambiental, Especialista em Educação no Campo, Mestre e Doutor em Ciência do Solo, Professor da Universidade Federal do Pará, reside em Altamira, PA desde 2010. Amante da natureza e da literatura desde a adolescência, começou a escrever suas primeiras poesias aos 13 anos de idade como forma de expressar suas emoções e nunca mais parou. Durante a graduação elaborava folhetos com poesias, e juntamente com alguns artesanatos que produzia, vendia-os para poder se manter. Hoje usa a poesia como forma de sensibilizar a população sobre temas relacionados à natureza e outras causas nobres. Ou simplesmente pega sua caneta e a deixa percorrer as folhas em branco

Originários
Os povos que nessa terra sempre existiram
Vivem em harmonia com a mata e com os rios
Sua força vem da natureza que fazem parte
Nos ensinam com a beleza de sua arte
Com tamanha sabedoria e muita bravura
Guerreiros incansáveis que lutam por sua cultura
São admiráveis e merecem todo o respeito
Não deixemos que retirem seus direitos.
Curitiba
Curitiba minha terra
Curitiba de lembranças doces e amargas,
Curitiba de Leminski,
Poty e Dalton Trevisan,
Curitiba das quatro estações em uma só,
Curitiba minha terra amada,
Caótica, movimentada e solitária,
Como te quero e te odeio…
Retorno ao seu seio, mas não quero ficar…
Terra de muitos Pinheiros, mas já não há…
Cidades de muitos encantos e medos…
Já não estou mais em ti,
Mas você não sai de mim…
Curitiba, Curitiba!!!
Carmo Bráz de Oliveira
diz:Faltou eu
Caro Bráz de Oliveira
diz:Faltou eu
Isaias Barbosa da Silva
diz:Faltou o poeta Isaias Barbosa que participa ativamente da CBJE do Rio de Janeiro é de Curitiba-Pr e consta na internet fez vários trabalhos também consta desde 2005 no Catálogo Brasileiro de Autores Literários Contemporâneos seção Poetas do Paraná junto com Paulo Leminski e Rafael Greca ambos somos aqui de Curitiba-Pr