Antologia Poética: Infâncias

Número de páginas: 95

Idioma: português

ISBN: 978-65-81362-18-8

Autores

Victor Coimbra,

Angela Dondoni,

Bárbara Maria,

Géssica Maria Menino,

Raimundo Moura,

Andressa Aparecida,

Pedro Ricardo S. Morais,

Nirlei Maria Oliveira,

Isabel Furini,

Giana Guterres,

Carla Fontoura,

Juruá,

Ronaldo Rhusso,

Rozana G. Cominal, 

Lucas S. da Costa,

José Rodrigues Lopes,

Tânia Alves,

Márcia Mascarenhas,     

Nanda Chinaglia,

Saul Cabral G. Júnior,  

Bruno Neves,

Marta Cortezão,

Cilene Muriel Pereira,

Flavia Ferrari,

M. Sales,

Emily Lima B. Bomfim,   

Jéssica Iancoski

Cleber Profeta,

Thaís Costa R. Sales,  

Katiuce Lopes Justino,

Hortência Siebra,        

Fernanda Araújo,

Ivan Sheldon,

Pedro Célio O. Nunes,

Ian Anderson G. Dias,   

Leandro E.l Pereira,

Valdeck A. de Jesus,

Jackeline Monteiro,

Estefania Tabata,

Valter Bitencourt Jr.,

clareanna santana,

Alberto Arecchi,

Bruno Bucis ,

Leandra de souza silva,

Marcos Peixe,

Vânia Perciani,

Sofia Castro-Pereira,

Ítalo R. Lima Dourado,

Adriano Besen,

Franncis Antunes,

Beny Barbosa,

Marcus Krause,

Neuzi Barbarini,

Adalberto Souza,

Regiane Silva,

Terezinha Santana,

Guilherme Fischer,

Alvaro Tallarico,

Maurício G. Raimundo,

Viviane Cabrera,

Cecy Quadros Raicik,

Laís Nobre,

Ana Paula Aguiar,

Maeli da Costa,

Lua Pinkhasovna,

Valéria Pisauro,

Lauren Carla E. Moreira,

Marcela de S. Rabelo,

Roque A. Weschenfelder,

Olivaldo Júnior,

Carolina Freitas,

Patricia C. Occhiucci,

Thales Baruffi,

Reginaldo[L]Cardoso,

Priscila Moreira,

Shirley Lima,

Perpétua Amorim,

Sabrina Gesser,

Lara Machado.    

Sobre

Um saudosismo com cheiro de terra molhada pela chuva. Esse é o cheiro dessas páginas – sejam digitais ou físicas!

Uma antologia que reúne as nuances de várias infâncias pelo mundo afora: do colorido em uma folha de papel A4 à melancolia de uma vida dura, desde os primeiros segundos neste planeta azul.

Nuances e divergências à parte, o ponto comum e possível de vislumbrar na antologia “Infâncias” é que o tecido que separa a própria infância da poesia é tão sutil que em certos pontos é muito difícil distingui-los.

Dito isso, esta antologia tem de fato muito de infância dentro de si. Talvez seja uma forma de infância. Dos medos absurdos à uma casinha com uma árvore em um dia de sol…

Ah! Infâncias…

M. Sales

5 Poemas da Antologia

Ronaldo Rhusso – Por quê?


Eu quase tropecei naquela frágil vida
senti um sobressalto e a voz me disse, então:
“-Por dez tudo farei, sou boa nessa lida!
Ali naquele alto eu tenho papelão”!
Eu logo lhe falei: “-Não entendi, querida!
Que queres lá no alto? E pra que papelão”?
“-Eu já me machuquei. Fiquei tão dolorida!
Fazendo em puro asfalto. É ruim no duro chão”.
Não pude me conter! Olhei pro céu, gritei:
“-Por que, Pai? Diz por quê! Pra que viver assim?
Eu tento em pranto crer: um dia vai ter fim”.
Olhei praquele ser. Em ira eu a assustei.
“-Não há culpa em você! Perdoa-me! Eu errei
Mas quero lhe dizer: a culpa está em mim”.
“-Por que, moço? Por quê? Fui eu que ofereci.
Meu corpo é ‘ganha pão’. Eu tenho que comer”!
“-Menina! Eu sei por quê. A ira que senti
É que sou mal Cristão. É por ter mais que ser.
Darei para você os mil que tenho aqui.
Mas muda nada, não. Até posso antever
Ainda que eu lhe dê, tão pouco eu consegui…
Sem ter Educação você não vai vencer”.
Roubaram sua infância e você nem percebe.
Seu bem mais precioso, as chances de ser mais
Tiraram por ganância… Sua vida? Tanto faz!
Estou tão receoso! Agora come e bebe.
Em mim só resta a ânsia e meu ser não concebe
Um fim mais animoso; um ir em frente e em paz”…


Isabel Furini – Henry

torturado
pedindo socorro
para
paredes surdas


morto
a mãe o carregou
nos braços
sem lágrimas


(por essa criança
eu chorei)


Katiuce Lopes Justino – Encantamento de pirâmides

Decifra-me ou te devoro?
Na bagunça do meu quarto,
Na desordem do meu corpo
Espaço de puro apovoro.

De amor nunca estou farto
Mastigo feito um dinossauro
Amanheço signo de touro
(Chocolate de ouro amargo)

Minha alegria se espalha
Aos gritos no azul da piscina
Sujando todo assoalho
Do mundo, que me alucina.


Infância: sumidouro de adultos
Adolescência: buraco fundo de ânsias
(apresentar novos seres pro mundo
Pomar de vivência e abundâncias).


Ivan Sheldon – Eu

Eu sou preto eu sou mestiço
Um mulato em pele, pardo
Todo dia eu corro o risco
De fazer alguém chorar
De mãe preta hoje não mais
Pai ausente quem diria
Eu e mais três irmãos
Um e duas, as Maria
Cabeça aberta sonhador
Desenhista esse poeta
Filosofia escritor
Mas porteiro foi a certa
Leque de oportunidades?
Eu tinha que trabalhar
Onze anos de idade
Muitos carros pra lavar
Na escola eu ia pouco
Mais por fome que outra coisa
Mas era bom em matemática
Com elogio ria à toa
Li tudo o que podia
Sou letrado pela vida
Se não aceita a minha verdade
Respeita ao menos minha mentira


Sabrina Gesser – Eco do útero

Águas correm
Sobre as hastes
Guardiãs da profecia


“Aguarde um minuto”
Esperar, contudo
É tortura
Qual será a mensagem
Que a haste segura?


(a mesma de sempre?)


Aura ruim
Invade
A certeza
Decanta na haste


O mesmo de sempre
De novo a desilusão
Sempre do mesmo
Fracasso
Frustração


Novamente
Um só risco

-Negativo-


É na ponta da haste

No limite da borda
Que surge a tatuagem
“Você? Mãe?”

Ainda não

Ainda não…

Ainda

Não

Ouça Alguns Poemas da Antologia, na voz dos autores!

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