Quanto Vale um Poema?

“Alguém sabe quanto cobrar por um poema?” — essa pergunta apareceu mais de uma vez nos grupos de autores e nunca vem sozinha. Por trás dela, está uma série de outras: Posso cobrar por algo tão subjetivo? Tem gente que vai pagar? Meu poema vale isso mesmo? A verdade é que não existe uma tabela fixa — mas isso não significa que não vale nada. Muito pelo contrário.

Neste texto, vamos pensar juntos como se calcula o valor de um poema — não só no dinheiro, mas também no tempo, no impacto e no reconhecimento. Porque se a poesia é arte, ela também é trabalho. E trabalho, mesmo quando feito com amor, merece ser remunerado.

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💭 Valor simbólico ≠ valor gratuito

A primeira armadilha está aqui: o poema é visto como “coisa de coração”, de inspiração, de dom — e aí, quase sempre, surge a ideia de que não se deve cobrar por isso. Mas o que esquecem é que o dom é só o começo. Por trás de um poema de três estrofes pode haver anos de leitura, dias de reescrita, noites sem sono e uma vida inteira de escuta.

Valor simbólico não anula valor financeiro. Um poema pode ser precioso para quem lê e, ainda assim, ser vendido. O erro é achar que “importância afetiva” e “comercialização” são opostos.


⏳ Quanto tempo você gastou?

Uma forma justa de começar a precificar é pensar: quanto tempo de trabalho esse poema exigiu? E esse tempo inclui:

  • Criação e escrita
  • Revisão e reescrita
  • Diagramação ou edição, se for em formato gráfico
  • Troca com leitores beta ou revisão crítica
  • Tempo investido em formação como escritor

Mesmo que o poema pareça “rápido”, o acúmulo de experiência conta. Uma médica não cobra só pelos 15 minutos da consulta — mas pelos anos de formação. Com poesia, não deveria ser diferente.


📚 Contexto de publicação: para quem e para onde?

O valor de um poema também varia de acordo com o tipo de uso e a finalidade. Veja alguns exemplos:

  • Poema encomendado para um evento: entre R$ 150 e R$ 500
  • Poema para integrar campanha institucional (ONG, projeto, marca): entre R$ 300 e R$ 2.000
  • Poema vendido como obra visual ou presente artístico: valor variável conforme tiragem e formato
  • Poema para livro coletivo ou antologia independente: às vezes o valor é simbólico ou revertido em exemplares
  • Poema exclusivo para presente personalizado: pode ser avaliado como peça única

Esses valores não são absolutos — são referências. Você pode (e deve) adaptar à sua realidade.


💬 “Mas ninguém vai pagar isso…”

Talvez alguém diga que ninguém paga R$ 200 por um poema. Mas a pergunta certa é: será que você está mostrando para as pessoas certas? Poemas vendidos diretamente para um público que valoriza arte e literatura têm outro alcance. Assim como pessoas contratam retratistas, músicos ou ilustradores, também contratam poetas.

O segredo é valorizar seu trabalho antes que os outros façam isso. Porque se você não acredita que vale, fica difícil convencer alguém de que vale.


🛠️ Dicas práticas para definir seu preço

  1. Crie uma tabela base de valores, mesmo que simples. Isso te ajuda a responder com confiança quando alguém pergunta.
  2. Considere o tempo de entrega e o nível de personalização.
  3. Pesquise o público e o orçamento disponível. Nem todo projeto pode pagar o mesmo — mas dá pra negociar sem se desvalorizar.
  4. Inclua no preço: tempo de reunião, revisão, ajustes e entrega.
  5. Ofereça formas acessíveis de pagamento, como Pix, parcelamento ou bônus (um cartão impresso, um áudio gravado, etc.)

📌 Conclusão: o poema vale, sim

Um poema pode mudar o dia de alguém. Pode transformar uma campanha. Pode eternizar um sentimento. Pode até, em silêncio, salvar uma vida. Isso não tem preço — mas tem valor.

E se ele tem valor, então cobrar por ele não é feio, nem ganancioso. É justo.
A poesia continua sendo poesia — mesmo quando gera renda.

Afinal, como diz aquele velho verso adaptado:
“Se é pra sangrar, que paguem o curativo.”

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