A Poesia Não É Inofensiva é uma antologia, organizada por Toma Aí Um Poema, com poemas de 134 autores – dos novos até os contemporâneos. É um panorama geral da produção de poesia no ano de 2021.
Número de páginas: 210
Idioma: português
ISBN: 978-65-81362-08-9
Autores
Alexandre Humberto Andre, Aline Ferreira do Carmo, Alison Rocha, Ana Antunes, Ana Carolina Cerqueira Chaves, Anderson Almeida Nogueira, Anderson Canut, Anderson Shon, André Cordeiro, André Machado de Azevedo, Ariane Pereira, Augusto Borges, Aysha Monroe, Belchior Chaves, Belise Campos, Bruno Alencar, Bruno Jordani, C. H. Alves, Camilla Poubel, Carolina Muro Gomes, Caroline Diniz, Catarina Dinis Pinto, Clara Mello, Cláudio Magalhães, Daniel Rodrigues, Dara Rayanne, Decio Pimenta, Denis Scaramussa Pereira, Dr. Ricardo Souto, Eduardo Fortes, Edygleison N.G., Elaine Frere, Eli Ventura, Erinilton Gomes, Ferrero Oswaldo, Flavia Ferrari, Francisca Maria Genovez, Francisco Gomes, Gabriel Castellamare, Gabriel Nogueira, Giselle Ribeiro, Giulia Rink Pires, Guilherme Fischer, Guilherme Henrique Lopes, Gustavo de Andrade, Helena Ricardo, Heloisa Helena Garcia, Henrique Pariz, Igor Martin Pereira, Iolly Aires, Isabel Furini, Isadora Grammont, Isali, Italo Brasileiro, J.P Schwenck, Jéssica Iancoski, Jeypterr, João Gollo, Jober Rocha, José Sá, Julia Clemes, Júlia Marquioli, Julia Mascaro Alvim, Júlia Rodrigues, Júlio Valentim Barbosa Neto, Karla Chaves, Kevin Fonseca de Lima, Kreppke, Laís Chagas Facco, Lasana Lukata, Leandra Nel, Leandro Costa, Letícia Mattos, Lua Pinkhasovna, Luana S.P, Lucas deloSantos, Lucas Lopes, Luciana Marinho Albrecht, Luiz Cláudio, Luiza Port, Lunare Amorim, M. Sales, Marcello Camelo, Marcio Leitão, Márcio Ronei, Marcos Maciel, Mariah Moreira, Marinaldo Lima, Mário Moura Marinho, Mateus Nunes, Matheus Bodnachuk, Matheus Genro Bueno, Matheus Mendes, Mattxs, Mauricio de Oliveira Silva, Mayanna Velame, Moisés Aboiador, Morganna Lôbo, Nayra Menezes Silva, Neila Reis, Neusa Doretto, Patrícia Baldez, Patricia de Campos Occhiucci, Paulo Brás, Pedro Henrique Farina Soares, Pedro Menezes, Poeta Junio Liberato, Rafael Manza, Rafael Rocha, Rainer Junio de Sousa, Raul de Melo, Rebeca Oliveira, Reinaldo Fernandes, Renato Franco de Oliveira, Renatta Boerr, Robson Di Brito, Rodrigo Laranjeira, ROEL Naer, Rômulo Pomponet, Rozana Gastaldi Cominal, Sammis Reachers, Saul Cabral Gomes Júnior, Saulo Carvalho, Sonia Rauédys, Talita Huila, Thati Silveira, Thaynara Silva, Thiago Aguayo, Tiago Silva, Ulisses Ângelo, Valentine Cazelato, Valéria Vanessa, Valmir Benicio, Victor Coimbra, Vítor Henrique Guimarães, Zac Pinheiro, Zenilda Ribeiro.
Sobre
A Poesia Não É Inofensiva
Acredito que a poesia é um espaço de construção coletiva… No começo dessa semana, um poeta me escreveu um e-mail perguntando como ele deveria divulgar os seus poemas. Contei a ele que, na poesia, as coisas começaram a funcionar melhor para mim quando comecei a fazer mais pelos outros e, em consequência, mais pela sociedade. Ao responder, também, fiz questão de ressaltar o fato das pessoas saberem que sou poeta, mas conhecerem mais os meus projetos do que as minhas produções literárias ~ poemas. Por fim, escrevi: a poesia existe para além do poema, ela está nas ações em sociedade.
Mais tarde, em consequência de um palpite que essa troca de e-mails me causou, resolvi pesquisar o significado de “Poeta”. O Oxford, o Aulete e o Dicio foram unânimes: “Quem se dedica à poesia”. Nenhum dos dicionários utilizou a palavra poema para definir poeta; o que para mim corroborou a ideia de que a poesia e o poeta são agentes da sociedade e, portanto, não há como serem inofensivos — ainda mais quando agem em tom de denúncia, a favor do coletivo e das cidades, mesmo quando vão contra a administração pública. A poesia não tem como ser inofensiva, pois por mais que ela negue, nela está marcada a rebeldia. Num país que sabota a cultura, escrever por si só é rebeldia.
Agora, respondendo claramente a pergunta do e-mail: para ser um poeta com poemas lidos, é preciso agir na sociedade, para além das palavras, ainda que seja falando sobre o amor e a aceitação de si.
Jéssica Iancoski
Editora-Chefe
Toma Aí Um Poema
Leia de Graça
5 Poemas da Antologia –
Beira do Rio – Isabel Furini
Às vezes acordamos com a cor cinza
cinzelando nossas pálpebras
na solidão macabra
outros dias acordamos
com pássaros azuis sobre as pálpebras
e bebemos o orvalho da alegria
no cálice que era para o vinho
e temos a ilusão de haver vivido em outro tempo
e lembramos de ter amado sob a Lua Cheia de silêncios
e de ter ouvido as vozes dos espelhos quebrados
sim, em outra época, o ser amado
cantou perto de nossos ouvidos
uma canção de amor e uma canção de despedida
e hoje ambas estão esquecidas ou guardadas no baú do ontem
envelhecer é isso…
organizar as lembranças, as ilusões e as desilusões na maleta
colocar a maleta no atracadouro
esperar a barca de Caronte
e vislumbrar à beira do rio
uma enorme placa de bronze, sonhos e granito anunciando:
– rumo ao infinito.
Estranhamento – Francisco Gomes
Não interessa
apagar o que se fez
ou aparar as arestas.
Assim, irrevogáveis
: o voo o pouso o canto
do pássaro
; o susto estampado na tez
; o aconchego do amparo…
Infinitamente
, desejar deixar rastros nos gestos
para confundir a certeza
e permanecer no inadequado
abismo da estranheza.
Trisal – Rafael Rocha
Escrevi um roteiro rebelde
para um filme de vida:
De baixo para cima,
olhando estrelas.
No plano geral da tela
criei o consistente
poema indecente
do amor a três.
E musiquei os versos
com uma velha valsa
sobre os lençóis vermelhos
do leito dos heróis.
Os personagens todos
criaram a paixão
(mas não o amor)
no fim da história.
Três sonhos! Três beijos!
Duas mulheres! Um homem!
Efêmera – Luciana Marinho Albrecht
A Natureza é bela e sábia.
Nela posso ouvir
Os sussurros de amor
Dos meus ancestrais.
Nunca estou só.
Olho para o céu e penso:
Há beleza.
Em cada nuvem itinerante
Uma certeza consoladora:
Tudo passa.
Rozana Gastaldi Cominal
diz:Excelente coletânea. É com alegria que participo com meu poema “Decreto fora da lei”.