Adriano Chastel, nascido em 73, poeta, pai e palhaço, amante das artes e apoiador das lutas sociais.

Quais são meus gêneros? – Adriano Chastel

Se os tenho, me eletrificam a pele

Se os tenho, vagueiam nas artérias

Se os tenho, me emplumam os pés

Se os tenho, rabiscam as paredes do meu coração.

O que me abraça

Me afaga amarelo e chão

Outro me enfeita

De flores ácidas e gorjeios

Há o que me pisa na larga ou me bate na pedra

Me põe a quarar colorido ou me prova na taça.

Molda-me a humano, o gênero

Risca-me a pele com empatias

Os olhos forra-me de justiça

De argumentos e lutas encheu-me os músculos 

O tronco esculpido de afeto e respeito.

A minha cabeça abriu aos poucos

Clareando meus castanhos olhos escuros

Derrubou brasões e escudos arcaicos

Cravejados de ódios inexplicáveis e medos.

Meu gênero

Se o tenho, será único, reto e fixo?

Eu o hábito ou ele em mim vive?

Vem trajado

Com palavras oceânicas

Com aços líricos

Marchando em saltos

Sobre odiosos idiotas

E os castos: homofóbico, transfóbicos e machistas.

Venham !!!!

Todos os gêneros

Transbordando cores de rebeldia

Distribuindo amores perfeitos

Perfumados de esperança vulcânica

A rachar os desertos desses dias

Com suas lanças pontiagudas de rosas afiadas 

Venham !!!!