10 Poemas Sobre Sexualidade & Sexualização | Vozes da TAUP

Jéssica Iancoski

9:16

crianças dançam
para uma tela


e do outro lado
adultos assistem


e repetidamente
deslizam


o dedo tocando
a infância roubada
pelo app

*

Flavia Ferrari

Apenas

Encontrar-me com suas mãos
É estar entregue à tormenta
Que derruba as estruturas
Sacode a terra ergue seus grãos
Que tapam a visão ensopam a roupa
Escancaram a porta estilhaçam os espelhos
Serei ainda eu depois de ser erguida pela ventania?
Agora que conheço o voo me recuso a caminhar
Fincada no chão sou a espera
A memória rítmica do encontro
Das mãos com o corpo lábios
Dorso quadril pernas sexo pele pelos
Humanamente banal
Extraordinariamente inolvidável

*

Rozana Gastaldi Cominal —

O NINHO

cena 1
— Estranho — fala o calo.
— Calo — estranha o falo.
— Falo — não cala o estranho.


cena 2
— Indômito, estranha o estranho.
— Incômodo, cala o calo.
— Flácido, não fala o falo.


cena 3
— Vestal… cala o falo.
— Talvez… fala o estranho.
— Déspota… não estranha o calo.


: propaganda enganosa

AS ENTRANHAS DO NINHO


sexo! sexo!
complexo de Édipo, de Electra
nem Freud explica
tanto excesso
sobra tese
falta te(n)são
eixo egocêntrico
total
mente
des
cartá
vel

: comercial consumista


OS ESTRANHOS NO NINHO


estrelas insulares que estimulam gametas
lentes que refrigeram satélites em curto-circuito
carismas que propagam erotismo sem alarde


: propaganda subliminal

*

Ronaldo Rhusso —

Precisava, sim, tatear…


O vosso dedo e o meu, deveras bobos,
dedilham vós e o eu… Tremores vêm!
Dedando o dedilhável enquanto têm
augusta liberdade, dedam probos!


Em V dardejam dois. São ágeis lobos!
Dividem dor e ardor, pois lhes convém
o dedilhar que apraz a nós, meu bem!
Dedilhos que intumescem nossos globos…


Lambeis o meu, vos ris, vosso rubor
vos pondes me provar o vosso amor…
Dedamos e olvidamos o usual!


Eu lambo o vosso dedo e que sabor?
A cor do meu pecado é irreal
ou dedos que têm mel não fazem mal…

*

Géssica Menino —

A Descoberta


De uma vastidão sem fim,
Procuro me saciar, me tocar, me entender.


Essa vastidão não me nega as regras do jogo,
Muito menos os princípios de cada jogada.


O dedo deslisa, o corpo contorce, o gemido exala.
A sensação atinge seu ápice mais agudo e sensível.


Revelando-me o prazer, o sentir que o meu corpo
Exige nas horas mais vagas e incertas.

*

Jaime Jr. —

Hai-Cu

Não me demoro
Em lugares cheio
De fiscais do cu alheio

C8

Espasmo
Contração (in)voluntária
No êxtase do ato
O fato consumado
Libertário
O clímax
Do instinto primário
Ao orgasmo provocado

*

Leandro Emanuel Pereira —

Conexos

Mulher fecunda;
Corpo violão;
Desejo a tua bunda;
Que me palpita o coração…

Que a fonte de lascívia;
Em mim jorre, a vontade de te amar;
Corpo e alma;
O prazer flui sem hesitar…

Quanto mais conexos estivermos;
Maior será a predisposição para a paz;
Tal a magnitude dos sentimentos…

Quanto menos frustrados;
Menor a dor de viver;
Os dias passam sossegados…

*

4 Comentários em “10 Poemas Sobre Sexualidade & Sexualização | Vozes da TAUP”

  • ANA

    diz:

    muito bom o texto

  • ANA

    diz:

    muito bom o texto

  • Rozana Gastaldi Cominal

    diz:

    São poemas intensos!

  • Mais uma excelente interação! Gostei de cada poema… Mas destaco o 9:16 da Jéssica que contextua a “sexualização sem sexualidade!…

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