Doutora em Literatura e Cultura, Podcaster e Poeta

fome de todos os tudos

fome de todos os tudos, de todas as fontes, de todas as origens, 

de todos os instintos, de todas as culpas e pecados

de toda água, de todo corpo, de todas as gotas e pulsões, 

de todos os excessos

fome de comer com as mãos, de pisar na terra, de lamber os dedos, de gritar profundo, de queimar a boca

fome que não consegue comer pela metade,

que precisa ser inteira,

transbordar

que explode feito trufa de licor na língua apertada entre os dentes

fome de quem come no chão,

não há tempo de sentar à mesa

meu ser é vital