Ser escritora é ter muitas personalidades

Quando criamos personagens, criamos também novas possibilidades de existir

Já tentei caber inteira dentro de uma só personalidade, mas nunca consegui.

Não foi por falta de esforço — já tentei ser uma, ser outra, às vezes nenhuma das duas. Mas, na verdade, sou um pouco daquelas que inventei nas minhas histórias. Ou talvez elas é que tenham me inventado.

Atravesso minhas próprias fronteiras como quem passeia pela casa alheia e, no meio do caminho, descubro que o lugar é meu também. Habito personagens que talvez só existam porque eu, por dentro, não caibo inteira em uma só pele.

Escrever, para mim, é viver um pouco outras vidas. É experimentar o que não seria possível numa existência só. Quando crio minhas personagens, abro portas para lugares que não conhecia e passo a habitá-los com naturalidade, como quem chega em casa.

As histórias que inventamos são mundos possíveis. Sonhos que sonhamos acordados, de olhos abertos para o que poderia ser. São territórios onde testamos nossos medos e desejos, onde damos forma às perguntas que nos atravessam. Construimos essas imagens com as mãos, arquitetando aquilo que desejamos viver, temer ou entender.

Eu escrevo porque sou muitas.
E talvez, se você também escreve, entenda bem do que estou falando.


Pra continuar escrevendo

Exercício de Escrita: Criar com o Coração Selvagem

“É preciso não ter medo de criar…”
Clarice, com sua sensibilidade, nos ensina que a criação só é verdadeira quando se liberta do medo e se entrega à autenticidade. Ela nos convida a nos aproximarmos da nossa essência mais selvagem, sem reservas.

Agora, vamos nos permitir esse exercício:

  1. Pense na seguinte frase: “É preciso não ter medo de criar.”
  2. Agora, pense em algo que você gostaria de criar, mas tem receio de fazer. Pode ser uma história, uma poesia, uma ideia artística, um projeto pessoal.
    Descreva o que é e por que você ainda não se atreveu a criar isso.
  3. Por fim, escreva uma frase ou parágrafo final, onde você “libera” sua criação do medo e a deixa fluir sem restrições. O que aconteceria se você deixasse de lado todos os receios e se entregasse ao processo criativo sem julgar?

Esse exercício é para libertar o impulso criativo, deixando de lado o medo e as autocríticas. É uma forma de escrever sem as amarras do “certo” ou “errado”, explorando seu coração selvagem na escrita.


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mabelly.substack.com/


Mabelly Venson é uma matemática que se apaixonou pela escrita. É parteira de livros na Editora Toma Aí Um Poema e autora de “Tudo Que Queima”, “apenas mãe” e “GELO”, obras que focam nas complexidades do ser mulher.

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