Sobre o livro
Qual é o pacto que estabelecem com o leitor, esses textos breves, pequenos poemas em prosa, escritos pelos olhos “catatônicos” de um poeta à deriva? Talvez algo como: leia minhas palavras e assim, inesperadamente, se abrirão as portas para o desconhecido. Nesse convite a um mergulho ao mesmo tempo perturbador e prazeroso, o leitor perceberá a maneira sutil como as palavras deslocam-se de seu sentido habitual transformando-se em senhas secretas dando o acesso à profundidade poética.
— Heloísa Prieto. Escritora e Pesquisadora Cultural
Breve biografia
Alberto Neto nasceu em 1989 na capital do estado do Rio Grande do Sul onde se graduou em Biblioteconomia (UFRGS) e está atualmente cursando Direito (FADERGS). É o autor da página @poeticoquaseincompreensivel no Facebook cujo nome também intitula este livro; possui um conto “Vermelho Tomate” publicado na antologia “40 contos que eles e elas contam” (2021), pela Editora Vitrola.
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Dois Poemas do Livro
Alma suja
Minha alma é suja
de gordura
igual um fogão
que aguarda
um bom banho
de sabãoEla está encardida
pelo sebo da vida,
que se acumula:nas frestas
das feridasnas pestanas
mal dormidasnas cicatrizes
mal curadasnos sorrisos
em alegrias
que não
foram poucasMinha alma
cozinhou uns lamentos
fritou um bocado de fúria
assou sinas sentimentais
amou uma flor do campo
sim, se desgastou demaisEla é sobre tudo
Poema do Livro Poético Quase Incompreensível
minha alma,
imunda pelo uso e
nunca será vendida
pois não a nada
que pague
as lembranças
nela contidas
Rota da rotina
No meu quarto
guardo relíquias
no meu corpo
trago premissasherdei
cadernos e estigmasmas amanhã
é um novo diaAcordo junto do sol
(aprumo minha cama)tomo café passado
(arrumo meu quarto)sigo para o trabalho
engulo meu almoço
eu ainda sou moço
porém
não possuo sonhos
mas amanha
Meu amigo
É um novo diaAcordo junto do sol
(aprumo minha cama)Tomo café pensando no passado