
Desculpa se já começo o texto com os dois pés na porta, mas alguém precisava dizer: a literatura brasileira contemporânea anda entediante. Não é que não tenha gente escrevendo coisa boa, tem. Mas parece que o que chega nas vitrines, nos prêmios, nas listas de melhores do ano, é sempre a mesma coisa: aquele livro com a capa bem diagramada, o texto certinho, uma estética limpinha, que fala de temas profundos de um jeito que não incomoda ninguém. Um livro que diz que é sobre dor, mas que evita a ferida. Um livro que fala de trauma, mas parece mais uma embalagem de cosmético com design minimalista do que um grito de verdade.
Tá tudo muito bonitinho. É como se os editores das grandes casas — protegidos em seus apartamentos com ar-condicionado e copinhos de café com espuma — não pudessem ler nada que os deixe desconfortáveis. Tudo precisa ter aquele tom de ensaio elegante, de quem sofreu com classe. A maternidade, por exemplo, tá virando tema recorrente. Mas o que sai, muitas vezes, é um conto bonitinho sobre como é difícil amamentar, ou como a mãe se redescobre na rotina, mas sem nenhuma tensão real, sem nenhum conflito que perturbe demais. É quase como se a dor tivesse que passar primeiro por uma lavanderia conceitual antes de virar literatura.
E aí a gente vê sonetos ganhando prêmio (cara, não superei ainda kkk). Nada contra quem escreve soneto. Mas vamos combinar que tem coisa mais urgente gritando por espaço, né? Enquanto isso, obras que realmente confrontam as estruturas — de linguagem, de classe, de identidade — continuam sendo invisibilizadas. Livros que escancaram a desigualdade, que escrevem com a raiva e a urgência de quem vive à margem, raramente são os que aparecem nas mesas centrais das livrarias ou nas pautas da imprensa literária. Parece que, no fundo, o mercado editorial quer mesmo é livro que não machuca. Livro que limpa a ferida, mas não enfia o dedo nela. Que mostra um pouco da dor, mas de um jeito bonito, estilizado, que não ofenda o editor da elite paulista nem o júri do prêmio que tem jantar de gala.
Isso não é falta de escritores potentes. Tem gente escrevendo com o corpo inteiro, colocando nas palavras aquilo que o sistema tenta esconder: a violência da desigualdade, o apagamento das identidades, a fúria de quem nunca teve espaço. Tem poeta indígena escrevendo em duas línguas e reinventando a gramática. Tem mulher preta escrevendo desde o abismo. Tem travesti falando de amor com a palavra cravada no peito. Mas cadê essas vozes nos prêmios? Cadê essas obras nos catálogos das editoras grandes?
É como se o sistema tivesse criado um protocolo de segurança para a literatura: só entra se não doer demais. Só entra se couber na norma. Só entra se não fizer a elite se sentir desconfortável. E quem não se encaixa nisso tudo é tratado como radical, exagerado, desleixado ou “difícil de vender”. Mas a verdade é que esses escritores seguem escrevendo. Seguem fazendo sarau, botando o livro debaixo do braço, vendendo em feira, compartilhando nas redes, indo onde o mercado não vai. São eles que mantêm a literatura viva. Não é o jabá no jornal, não é o livro com vernissage. É a palavra que ainda arde, que desafia, que não se conforma.
A literatura brasileira não tá morta, mas anda com febre baixa. Tá meio anêmica de risco, de experimentação, de confronto. Tá precisando de mais gente que escreva sem pedir licença, sem medo de não caber na estética do momento. Porque a palavra ainda é faca. Mas só corta se a gente afiar. E livro bom, de verdade, é aquele que deixa marca. Que não fecha ferida: abre. E transforma.
Jéssica Iancoski
Jéssica Iancoski (1996) é editora, poeta e articuladora cultural. Presidente da Associação Privada Sem Fins Lucrativos Toma Aí Um Poema, a primeira editora no modelo ONG do Brasil, já faturou mais de R$ 1 milhão no mercado editorial, consolidando-se como referência em inovação e impacto social. Graduada em Letras (UFPR) e Psicologia (PUCPR), com especializações em Gestão de Projetos e Negócios, é autora de mais de 10 livros, incluindo A pele da pitanga (finalista do Prêmio Jabuti). Reconhecida por sua atuação inclusiva, publicou mais de 2 mil autores e produziu mais de 1.500 poemas audiovisuais, alcançando 1 milhão de acessos. Jéssica também recebeu prêmios como o Candango de Literatura (GDF) e Sérgio Mamberti (MinC) e, atualmente, é curadora do Prêmio Literário da Cidade de Curitiba.
Heryelton Florindo
diz:Oi, Jéssica, teu texto é um grito lúcido e necessário, e me reconheço inteiramente nele. Quando você afirma que a literatura brasileira contemporânea anda entediante, não é por falta de potência criativa, mas por conta de um filtro elitista que transforma tudo em produto palatável, polido, seguro. Concordo: estamos diante de uma produção que não quer arriscar, que prefere a estética da dor envernizada à verdade que fere, que confronta, que desestabiliza.
Mas a literatura que importa, a que pulsa, está viva nas vozes que o sistema insiste em silenciar: pessoas LGBTQIAPN+, pessoas pretas, indígenas, trans, periféricas, dissidentes. Gente que escreve desde a margem, não como lugar de falta, mas como ponto de insurgência. Escritores e escritoras que não têm o “privilégio” de falar da dor com distância, porque ainda estão nela. Porque a dor, para muitos de nós, não é tema: é carne viva.
É impossível não perceber como a indústria editorial se esquiva dessas vozes, como ainda teme a palavra travesti, a língua indígena, a fúria da bicha preta, o erotismo sapatão, a complexidade de uma mãe solo periférica. Parece que tudo precisa passar por um processo de higienização para ser aceito: um embranquecimento, um “acalmar-se”, um “fala disso, mas com elegância”. Mas como escrever com elegância sobre a exclusão, o genocídio, o apagamento?
Você acerta quando diz que o problema não é a ausência de escritores e escritoras potentes, eles estão aí, nos slams, nas feiras independentes, nas redes, criando sua própria circulação à margem dos circuitos tradicionais. E é aí que a literatura brasileira de fato respira. Não nas listas de melhores do ano ou nas capas bem diagramadas, mas no livro xerocado, no corpo que performa o poema, na live de poesia marginal, na fala embargada que se transforma em palavra-arma.
Sim, a palavra ainda é faca. Mas só corta quando é empunhada por quem tem coragem de falar do que não se quer ouvir, e você fez isso com maestria. Obrigado por abrir essa ferida. É nela que entra luz. É nela que a literatura – a de verdade – encontra seu sentido.
Toma Aí Um Poema
diz:Heryelton, que comentário sensível, lúcido e potente! Você traduziu o espírito do texto com uma precisão que emociona. Adoro quando a provocação encontra eco em quem entende a urgência de se escrever desde a ferida, desde o corpo, desde o lugar da margem, que não é ausência, mas potência insurgente.
A sua fala é um lembrete de que a literatura vive onde a palavra arde e queimar é sinal de vida. Que sorte a minha poder trocar com alguém que compreende tão bem esse movimento! Seguimos, cada um segurando a palavra-faca que nos atravessa. E obrigado por trazer tanta beleza e força para essa conversa. Volte sempre <3
ALESSANDRO BERNARDES
diz:Adorei “lavanderia conceitual, antes de virar literatura…”
Concordo, de forma geral, com este contexto literal, que já vem de algum tempo, se sobressaindo e alastrando em terreno fértil.
Toma Aí Um Poema
diz:Alessandro, perfeito! Essa “lavanderia conceitual” tá mais pra aquele ciclo eterno de enxágue: vai, volta, gira… e o texto sai sem um pingo de sujeira pra contar história. Mas olha, fico feliz que você tenha curtido a provocação! Valeu por topar a brincadeira e pela troca inteligente. A gente vai se segurando no humor e na ironia, e trocando com quem sabe trocar. Volte sempre!
Daniel Abrão
diz:Eu concordo que está um tédio, mas o problema não está exatamente no que a autora aponta: 1. quem ganha prêmio hoje é indígena, escritores da periferia, trans e qualquer livro que toque na questão na identidade, empoderamento, etc. pesquisa na Universidade só ganha fomento se for sobre estes temas. Acho que a coisa inverteu e a autora ainda não notou que não estamos mais na época do grande cânone, o que eu acho muito bom, saudável e renovador, mas não deixa de ser chato. 2. falta talento, sim. Estes e outros autores não tem muito o que dizer pq não são muito maduros, todo mundo agora é escritor e repete a mesma reclamação e ladainha. Tenho pouquíssimo interesse em ler autores sem inspiração e repetitivos e tenho mais ainda uma falta de paciência danada com os mesmos ataques: é fascista, machista, racista, misógeno. A literatura hoje é cartilha de bons costumes e boas intenções. Eu não sou de direita, sou de esquerda, mas isso aí em parte é culpa de uma esquerda cosmética que vê desigualdade em tudo, mas não fala em luta de classes, pq acha ultrapassado, então discute identidade, o que é uma prática absurdamente neoliberal. E as editoras não querem ser canceladas, então fica nessa de bom mocismo.
Toma Aí Um Poema
diz:Oi, Daniel!
Entendo o seu ponto e concordo que, sim, há muito material repetitivo e textos sem grandes inspirações por aí. É algo que também me incomoda às vezes.
Mas, sinceramente, acho que a coisa não inverteu. Quando a gente olha para o Prêmio Jabuti, o Oceanos e até o Prêmio Biblioteca Nacional, percebe que a gestão desses prêmios, principalmente nos últimos dois anos, tem se mostrado mais conservadora. O que vemos é um movimento progressista que ganhou força no começo da década, mas que rapidamente foi contido pelas novas gestões.
A discussão sobre temas identitários não é algo isolado ou “modismo”, mas uma necessidade urgente e real. E mesmo que o mercado editorial às vezes pareça conservador ou “bom moço”, isso não anula a importância desses debates.
Enfim, obrigada por trazer seu olhar – acho super importante essa troca de ideias.
Luiz Carlos Cunha
diz:E o soneto paga o pato…
Toma Aí Um Poema
diz:Luiz Carlos, o soneto tá sempre no meio das tretas, né? Coitado, leva porrada até quando a culpa não é dele!
Maria
diz:Falou muito e não falou nada. Pq não exemplifica o que tá falando? Que livros são esses sobre maternidade? E quais são os livros que você considera que tocam na ferida de verdade? Pq não divulgá-los então? Adianta nada falar tudo isso e não mostrar o que tá falando. Pro leitor que está mais por fora, como eu, seria interessante saber a que obras especificamente você está se referindo.
Toma Aí Um Poema
diz:Maria, o propósito do texto não é ser uma lista de leitura para facilitar o consumo de quem não quer refletir. Ele é uma crítica, uma provocação ao mercado e ao que chega às prateleiras. Listas de indicação não engajam, não despertam reflexão – e essa é a intenção do texto.
Se você procura nomes, temos outros posts no site com indicações diversas, que vale a pena conferir. Mas aqui, a ideia não é mastigar o conteúdo para o leitor. É provocar. E quem se interessar de verdade, que vá atrás, que pesquise, que leia mais.
Este texto é um convite para abrir os olhos, não para fazer a lição de casa por você. ✨
Maria
diz:Ou seja, um texto pra reclamar pelo prazer de reclamar, era melhor ter ido pro Twitter. De que adianta você querer “provocar” se é rasa quando o faz? Eu quis saber de quem você tava falando pra poder ir atrás e julgar por mim mesma se seu desabafo é valido, não pedindo uma lista de indicações. Não é fazer “a lição de casa” por mim, é usar seu espaço pra divulgar as obras que você mesma diz que gostaria que fossem mais vistas.
Mas enfim, lendo suas respostas em outros comentários aqui deu pra perceber que você não quer ajudar ninguém mesmo ✨️
Toma Aí Um Poema
diz:Maria, o texto está exatamente adequado ao seu suporte – um blog, um espaço de reflexão e provocação. Se fosse para ser mais profundo, acadêmico ou técnico, seria publicado em outro formato. Também, não foi escrito para “ajudar” ninguém. Não foi escrito com essa intenção. É um texto criado para provocar ou irritar (se representa, ótimo; se irrita, também). Simples assim. Ele não quer ser mais nada além disso – essa é a verdade.
E só um toque: quem chegou com o tom agressivo foi você. Aqui, a gente responde no mesmo tom. Se você leu os comentários, deve ter reparado.
Segue uma recomendação de leitura pra você, acho que tá faltando saber perguntar as coisas de forma mais assertiva:
https://www.youtube.com/watch?v=ZDlyGmNEAAo
Um abraço e paz no seu coração. 😉
Alessandra Grimi
diz:Tá mais que claro pelos comentários que esse texto não quis ser mais nada além de um texto de um blog. E tá no direito dele. Quer só provocar, quer existir na função de um texto de blog. Quer só chacoalhar e quem se morde com isso é porque tá precisando de mais vida e menos amargura. Vai escrever o seu texto – que, aliás, o blog se comprometeu a postar aqui.
Nelson Maca
diz:Confesso que não li os comentários. Então não sei se serei repetitivo. Gostaria de parabenizar o texto pela fala franca, direta. A tese ou o assunto está bem colocado e desdobrado em si. No entanto, de minha parte, julgo o todo genérico. Assim, penso, cai no que acusa: bate em todos, mas, efetivamente, não machuca ninguém. Sinto falta de exemplos. Nomes, títulos, editoras, prêmios, curadorias… Até abro mão de querer saber quem e o que representa mais do mesmo. No entanto, fico curioso com o sugerido “anti ou contra-cânone” citado no atacado. Curto o varejo. Quem quebra a banca dos contentes? Onde? Com que obra? Queria um inventário, ainda que pessoal, dos divergentes. Mas repito, gosto da provocação do texto. Só sinto falta de mais fight!
Toma Aí Um Poema
diz:Nelson, você pegou o ponto, mas vou te dizer: gosto mais de abrir espaço para a provocação do que de fazer listas. As listas, por mais legais que sejam, não engajam, não botam a cabeça pra pensar. Prefiro provocar, deixar as pessoas coçando a cabeça, montando o quebra-cabeça por conta própria.
Eu, sinceramente, adoro essa coisa meio esconde-esconde. Gosto mesmo é da provocação. Há algo envolvente nisso – a subjetividade, o jogo implícito. Cada um preenche as lacunas com sua leitura e fica atento, tentando entender. E cá entre nós, um bom texto também serve pra dar aquele cutucão gostoso e ver a galera se mexendo. 😉
Agora, quanto aos nomes. Se alguém quiser dar, o parquinho tá aí. Fogo nele, vou adorar também, só não é pra mim. O meu estilo é mais discreto 🧨
Toma Aí Um Poema
diz:A todos que participaram e comentaram, obrigado! O texto cumpriu exatamente a função para a qual foi escrito: provocar. A democracia é feita de diálogo, e todo comentário é bem-vindo. Provocação se responde com provocação, nunca com violência.
Se você não concorda com o texto, escreva o seu! Ficaremos felizes em postar aqui no site. É só encaminhar para editora@tomaaiumpoema.com.br
E já fica o aviso: comentários ácidos, grossos e desrespeitosos serão respondidos com bom humor e ironia, para mostrar que diálogo se constrói com argumentos, não com ataques. Porque a literatura precisa de cutucão, e o bom debate é a melhor forma de mantê-la viva.
Até a próxima! 📚🔥
Noêmia Maestrini
diz:Gostei dos seus comentários e levantamentos de questões. Concordo com seu ponto de vista. Mas, ao mesmo tempo, penso que temos coisas boas nas prateleiras aruais, sim. Ruim ( dentro desse contexto) foi terem dado o Nobel pra Annie Earnau, que não considero boa o suficiente, merecedora ao ponto de receber esse reconhecimento; pra mim, isso diminui o valor das premiações anteriores. Se você leu um livro dela…leu todos! Acho que é por isso que recebeu *pelo conjunto da obra!* kkkkkkkCaramba!😉
JOSE CLAUDIO BEZERRA DE MENEZES
diz:Se este site trata de literatura, escritores e livros, é decepcionante constatamos o baixo nível quanto ao português utilizado pelos “doutos” candidatos a literatos: alguns textos aqui são terrivelmente boçais e parecem o linguajar chinfrim das redes sociais, de adolescentes pagãos da elevada beleza da verdadeira língua portuguesa. Figa!
Toma Aí Um Poema
diz:Calma, campeão, respira. Aqui a gente não tá declamando Camões no chá da tarde, é só um textinho pra cutucar mesmo. Se não curtiu, vai tomar um chazinho e reler o Machado. Figa pra você também! ✨
Charles Combed
diz:Ô Iancosk,
Faz 3 anos que tento publicar um livro de 1104 páginas em 16 X 23 e todo editor que consigo contatar quer que eu lhe pague antes mesmo de ele pôr os olhos no livro.
Essa é a realidade editorial do Brasil.
Só armadilha, só golpe…
Luana
diz:Publica na amazon, de maneira independente. Veja nas redes sociais como faz.
Toma Aí Um Poema
diz:Luana, rainha do pragmatismo! Amazon é tipo rodoviária: cabe todo mundo, tem confusão e, às vezes, você encontra uma joia no meio do caos. Vai sem medo! 🚀
Toma Aí Um Poema
diz:1104 páginas, bicho? Até o Tolkien ia suar pra publicar isso. Mas vai na fé, ou faz igual a Bíblia: publica por partes. Boa sorte aí, guerreiro do calhamaço! 📚
Gabriel Brendler
diz:Engraçado, que eu acho que a literatura brasileira está entediante por haver tantas sobre problemas sociais. Sei muito bem de sua importância. Mas o foco principal no Brasil são neles. Histórias de fantasia adulta, basicamente não existem, e se existem não as conheço publicadas por grandes editoras. Livros de terror desde que internacionais são publicadas, mas se forem nacionais elas somem. Não vejo problema algum em concurso de poemas: a literatura não precisa ser sempre extrínseca; ela já existe por si mesma no autor que a escreve; isto já é motivo intrínseco suficiente na sua prática e ser reconhecida por isso é processo de florescimento nacional.
Toma Aí Um Poema
diz:Ah, Gabi… quando o mundo tá pegando fogo, é meio difícil escrever sobre duendes tomando chá, né? Mas tá valendo, bora equilibrar com uns dragões brasileiros (ou inventar maneiras de escrever metáforas sociais com fantasia). 🐉🔥
Fernando
diz:“nada contra soneto, mas tem coisa mais urgente gritando por espaço”.
Parei a leitura ali mesmo. O que uma forma literária fixa (soneto, haikais etc.) tem a ver com o tema (“coisa mais urgente”, seja lá o que for isso) do texto? Nada!
Como que uma pessoa que não distingue os conceitos de forma e conteúdo (coisa que se aprende na quinta série!) quer criticar o estado atual da literatura brasileira?!?
Toma Aí Um Poema
diz:Ai, ai, Fernando, meu caro. Eu sabia que o texto ia cutucar, mas você se jogou de cabeça na armadilha – e ainda com direito a um textão indignado. Obrigada por cair direitinho!
Texto que engaja é feito de defeitos, de ganchos tortos, de frases que desafiam a quinta série (e a pós-graduação também). Eu escrevi isso pra irritar, pra dar aquele desconforto gostoso, e você mordeu a isca com força! É assim que funciona a mágica: você se sente cutucado, vem aqui comentar indignado e – surpresa! – ajudou o texto a viver mais, a engajar mais, a fazer mais gente falar dele. Gracias, viu?
Ah, e sobre o “nada a ver” entre forma e conteúdo… Bom, se você não vê conexão entre o formato da garrafa e o gosto da bebida, talvez esteja tomando vinho de caixinha e esperando sabor de Bordeaux. A literatura tá entediada, mas os leitores revoltados com qualquer provocação são meu verdadeiro entretenimento. ❤️
Vai, termina a leitura com um cafezinho e um soneto na mão. Ou então escreve o seu próprio textão e me marca. Vou adorar te ler 😉
ADRIANA
diz:Será? Jefferson Tenório, Itamar Vieira Jr., Mariana Salomão Carrara, Aline Bei, Conceição Evaristo, Socorro Acioli, e outros tantos, são nomes que ganharam notoriedade na última década. Não consigo ver como essa crítica se aplicaria aqui. Fico tão feliz quando vejo multidões lotando espaços públicos pra ouvir Conceição ou Itamar…eu, que cresci na década de 80, só via filas de autógrafos pra Paulo Coelho… Acho que melhoramos 🙂 Mas admito que não conheço os bastidores editoriais, talvez eu não tenha atingido a profundidade da crítica….
Janick Serejo
diz:Penso da mesma forma.
Toma Aí Um Poema
diz:Adriana, adorei sua lista VIP da literatura – só faltou dizer que cada nome aí é uma estrela Michelin do buffet literário brasileiro. 🤩 Mas, olha só: o ponto não é que não tem nomes incríveis (e Conceição e Itamar são mesmo um arraso, verdade seja dita). O problema é que o buffet ainda serve muito arroz sem sal pros outros convidados. 🍽️
O texto foi pra cutucar quem acha que só porque tem meia dúzia de nomes brilhando, o banquete tá servido. Tem, sim, muita gente boa, mas tem também muita gente que escreve como se tivesse misturado milho com sagu e servido na bandeja da escola. 🤢
E obrigada, viu? Porque comentário com emojis e uma pitada de “será?” é o tipo de tempero que faz o texto engajar! É desse caldo que eu gosto. Volte sempre. 😘🌶️
Valdete Souza de Brito
diz:Entendi!
Toma aí um poema.
AS PESSOAS MORREM
As pessoas morrem.
Morrem de fome,
morrem de esperar,
morrem sem esperar.
Morrem de morte morrida.
Morrem de morte matada.
As pessoas morrem.
Morrem de sede, morrem com sede.
Morrem do coração, morrem sem coração.
Morrem fartas, enfartadas.
Morrem no carro, na cama, no asfalto.
Morrem assaltadas.
Tem quem morre cego.
Tem quem morre engasgado.
Tem quem morre por engano.
Tem quem morre enganado.!
Tem quem morre ESGANADO!
E tem quem encontre a morte.
E tem quem a morte encontra.
E tem os IMORTAIS!
Os jovens negros morrem.
Morrem por bala perdida, morrem às cegas, morrem às claras.
Morrem as claras, as pretas, as pardas!
Morrem meninas, morrem as Bárbaras!
Todos os dias,
Morrem meninas bárbaras, mulheres bárbaras!
Morrem barbaramente, nas barbas de uma sociedade bárbara!
-Valdete Souza de Brito-
Ribamar Bernardes
diz:Bravo ! UmTextoUrgentementeNecessário !
Toma Aí Um Poema
diz:Ribamar, muito obrigada pelo carinho e pelo reconhecimento. É sempre bom quando um texto consegue provocar reflexões e abrir espaço para conversas necessárias. Espero que sigamos juntos, questionando e valorizando a literatura brasileira e seus rumos. Volte sempre!
Maria Jose Vital justiniano
diz:Literatura não é painel decorativo.A obra que conheço ”
O pequeno príncipe e eu” está recheada de linguagem criativa.
Mas ninguém compra.
Os livros e e-book estão apagados, não por causa dos autores, mas a mídia tem empurrado textos loucos e sem nenhum brilho.
Infelizmente, a literatura está, sim, passando por um processo complexo.
Toma Aí Um Poema
diz:Maria José, adorei sua lembrança sobre a importância da criatividade na literatura! De fato, a boa literatura não deve ser só um quadro bonito pra enfeitar a estante. 📚✨
Agora, quanto a essa ideia de que “ninguém compra”, olha… parte da culpa é da mídia que empurra uns textos meio sem graça, sim, mas também tem uma galera escrevendo coisa morna e esperando que todo mundo se apaixone. 📉 Vamos combinar: o público merece mais tempero!
Mas fica tranquila, porque enquanto tiver leitoras como você, que enxergam além do marketing e valorizam a boa escrita, a literatura vai continuar respirando – mesmo que às vezes pareça que ela tá precisando de um balão de oxigênio! 💨📖
Marcos Trevisan
diz:Jéssica, fiquei curioso, que livros ou autores você sugeriria para superar esse tédio? E vocês, vamos caros amigos leitores?
Toma Aí Um Poema
diz:Marcos, a minha opinião é humilde, mas quando leio esses autores não sinto tédio. Sinto a sensação de que algo interessante está se formando na cabeça deles – como se um bolo estivesse crescendo no forno e deixando aquele cheirinho de novidade no ar.
Alguns nomes que merecem atenção: Mabelly Venson, Flavia Ferrari, Sabrina Dalbello, Gisela Maria Bester, Daniela Bonafé, Valmir Luis Saldanha, Denis Scaramussa Pereira, Bárbara Mançanares, Aline Monteiro, Carlos Roque e Katiuce Lopes Justino (tentei diversificar os perfis rsrsr).
E, olha, deixei muita gente boa de fora, porque felizmente tem bastante talento surgindo. Bora acompanhar? E se te interessar resenhar, chama a gente no e-mail – podemos enviar uns recebidinhos. 📚😉
Kellen
diz:Concordo bastante! Mas ta aí uma dica, bom demais:
Livro de poemas
marcha, mcLuhan!, de Felipe Rodrigues
https://www.editoraminimalismos.com/product-page/marcha-mcluhan-de-felipe-rodrigues-araujo
Bruna Maria
diz:Ultimamente acho a literatura brasileira contemporânea chata porque tá cheia de bandeiras. Fica td direcionado, embora seja super importante falar sobre os preconceitos, mas só disso????????
Claudia C. Severino.
diz:Exatamente isso! E vira uma coisa clichê e massante.
Daisy
diz:CONCORDO COM LETRAS MAIÚSCULAS!!!
Toma Aí Um Poema
diz:Se acha que tá tudo bandeira demais, escolhe um romance bem docinho, daqueles que não incomodam ninguém e dá pra ler comendo pipoca. 🍿 O importante é se manter pessoa leitora – com ou sem bandeira, só não vale parar ler, viu? 😘
Sam
diz:Também concordo que esta chato. O negro nao sofre apenas com o racismo. Ele é vitima do racismo. É quando falo vítima, digo que ele entregou o controle da vida dele a isso. Ele não tem poder de decisão sobre seu destino. Como refém, olha pelo olhar do outro eternamente. O que esta dentro fica eternamente nas sombras, sem ser descoberto. Isso serve para toda trindade: lgbt, feminismo e movimento negro.
Uma das frases mais belas do Pele negra, mascaras brancas de Franz Canon, é quando ele diz que o negro sonha em se livrar do racismo, para poder, como o branco, chegar a beira do abismo e se jogar.
Sendo otimista, penso que com a idade isso possa ser um reparado. É mais o que desejo do que o que acredito.
Toma Aí Um Poema
diz:Sam, entendo a reflexão, mas preciso dizer: essa ideia de que alguém “entregou o controle” da própria vida por ser vítima (de qualquer forma de opressão) é algo muito pesado e, honestamente, perigoso de se pensar.
Não se trata de escolha ou de entrega, mas de estruturas que estão aí, operando contra pessoas e grupos. A luta não é por assumir um controle que nunca foi realmente concedido, mas por transformar um sistema que historicamente tira as possibilidades de escolha.
A frase do Fanon é poderosa, sim, mas ele mesmo falava de libertação, não de desistência. Vale a pena reler e pensar nisso. ✊📚
Bom, essa é a minha humilde opinião. Se não servir pra você, tudo bem, é só descartar. Um beijo. 💙
Everaldo Nascimento
diz:Temos bons escritores brasileiros e no anonimato por conta do sistema “partidário”, grupos com nomes bonitos literários porém que fazem parte da “elite”. Difícil arte de colocar os bons livros 📚 na mesa e seus autores na mídia. Esses prêmios são farças patrocínio de grupos com interesses próprios e que ditam suas regras. Parabéns ao artigo!
Toma Aí Um Poema
diz:Everaldo, você trouxe o dedo na ferida e não é pouco! 📚🔥 É mesmo difícil furar esse bloqueio de quem já tá no controle e diz o que é “literatura boa” e o que não é. Mas se tem algo que os leitores como você e textos como esse mostram, é que a maré começa a mudar justamente quando a gente para de engolir o que nos empurram e começa a procurar outras vozes.
Valeu demais por comentar, porque é assim que a gente faz barulho. Bora seguir cutucando e valorizando quem tá de fora do radar. 👊📖
Daniel Viana
diz:As críticas são válidas, no entanto, todos fazem parte de grupos que também não atinge todos. Haverá sempre exclusão de alguma maneira. Talvez os escritores precisem se mobilizar mais. Irem pra rua.
Toma Aí Um Poema
diz:Daniel, você tocou num ponto crucial: ninguém é 100% fora do jogo, e todo grupo tem suas barreiras. Mas você tem razão: a mobilização é o que faz a diferença! 📚✊
E se a gente quer uma literatura mais plural, mais representativa e menos entediante, talvez seja hora mesmo dos escritores saírem das mesas de café e irem pra rua – seja pra se reunir, protestar, ou mesmo só pra se mostrar. Porque quem não aparece, some.
Valeu demais pela reflexão! Vamos continuar esse papo. 🚶♂️💬
Bley
diz:Ou seja, uma tensão que então deve estar à flor da pele, do texto e do que opõe a arte ao mercado e/ou aos negócios é a tensão ante o antagonismo entre literatura e mercado editorial.
Toma Aí Um Poema
diz:Bley, você disse tudo e eu nem tenho muito a acrescentar: essa tensão entre literatura e mercado é mesmo uma ferida aberta. 📚💸
A arte quer libertar, o mercado quer controlar. É tipo dançar com os dois pés amarrados. Mas enquanto a gente tiver coragem de cutucar, provocar e escrever o que incomoda, a tensão segue à flor da pele – e a literatura segue viva.
Valeu pelo comentário, bora manter essa corda esticada! 🎭🔥
CARLOS ALBERTO
diz:Pena que ninguém tenha coragem de citar nomes. …. essa generalização não ajuda a formar opiniões. Vou compartilhar um “recorte” apenas de minha vivência como professor de Literatura: bastou sugerir a leitura de Conceição Evaristo pra alguns pais logo virem ao colégio dizer que a obra (no caso Canção para ninar menino grande ) era inadequada. E os pais MANDAM hoje em dia nos colégios.
Triste é observar dentre os poucos adolescentes que leem títulos não brasileiros como É assim que acaba, A biblioteca da meia noite etc. Essa é a prosa contemporânea.
Poesia? Versos? Já morreu creio que ali pela década de 70 do século passado.
Toma Aí Um Poema
diz:Carlos, que baita relato! 📚👏 Você trouxe um retrato bem real do que acontece nas escolas e do poder que algumas vozes têm sobre o que é “adequado” ou não na leitura. E, sim, é triste ver que ainda existe tanto bloqueio para autores como a Conceição Evaristo e tantos outros que tentam quebrar o silêncio literário.
Agora, sobre a poesia ter morrido nos anos 70… Discordo, viu? A poesia continua viva e respirando – só que fora do radar das grandes vitrines, e, muitas vezes, fora do que os pais conservadores consideram apropriado. Tá aí a graça: poesia não morre, ela ressurge nos becos, nos slams, nos blogs, nos livros independentes.
Valeu demais por compartilhar esse recorte. Vamos continuar falando sobre isso. 📖🔥
Roberto Monteiro
diz:Em partes, concordo… Porém, convém lembrar a douta missivista que seu próprio coletivo tem sua idiossincrasia… Tudo nesse mundo literário tem a ver com gosto pessoal de quem avalia… Digo isso porque já participei de seleções de tal coletivo e digo::: fui vítima deste propalado tédio.
Toma Aí Um Poema
diz:Roberto, entendo o que você disse e agradeço por compartilhar sua experiência. Mas só pra esclarecer: não fazemos vítimas – apenas não temos estrutura para publicar todo mundo. Sempre deixamos claro que a nossa opinião não é absoluta e não reflete o valor ou a qualidade dos livros que avaliamos. Reforçamos que a nossa curadoria é subjetiva e, como você bem apontou, tudo nesse mundo literário passa pelo gosto de quem lê e avalia.
E mais: o “não” nunca é absoluto. Aqui, a gente preza pelo diálogo e está sempre aberto a conversas. Não guarde rancor. Mantenha-se escritor, persista e não desista. Um beijo e paz. 🌿
Ana Carla
diz:Pra mim, quanto mais fantasia melhor. Se eu quiser saber sobre a realidade. Eu leio jornais na Internet. Eu gosto de livros didáticos também.
José
diz:Estou assinando aqui!
Bravo!
Toma Aí Um Poema
diz:Ana, você tem toda razão: fantasia também é realidade, e às vezes a gente só quer mesmo é escapar pra outro mundo! 🌍✨
Aqui, o importante é que as pessoas leiam – seja fantasia, jornal, livro didático, poesia ou até bula de remédio. Cada leitura é um passinho a mais pra construir pensamento e imaginação. Bora continuar devorando páginas, independente do estilo!
Ana Costa
diz:Literatura está anêmica, sem vida, sem graça, porque precisa acompanhar o perfil dos leitores, infelizmente a qualidade de muitas coisas estão em baixa…
Bruna
diz:Quando escrevo, não penso no leitor. Penso em pôr minha verdade…
Toma Aí Um Poema
diz:Ana, entendo o seu ponto. Às vezes a literatura parece mesmo sem graça, como se estivesse tentando agradar todo mundo – tipo aquelas séries da Netflix feitas pra não ofender. Mas a culpa não é só da qualidade, e sim do medo de incomodar. A gente precisa continuar lendo e buscando autores que têm algo a dizer, sem seguir à risca o “perfil do leitor” como se fosse um manual.
E, Bruna, adorei sua resposta. Escrever com verdade já é um ato de coragem. Quem escreve só pensando no público acaba criando um texto sem alma – e aí sim a literatura morre de tédio. Continue pondo sua verdade no papel, mesmo que o mundo nem sempre entenda.
No fim, o que importa é que a gente continue lendo e escrevendo, com ou sem manual, com ou sem perfil, com ou sem medo. Vamos nessa? 💪
Sandra
diz:Concordo!
Toma Aí Um Poema
diz:<3
Adão Costa Cunha
diz:O texto de Jéssica sobre o tédio que acomete a literatura brasileira é lúcido e necessário, mas não tempestivo nem cirúrgico.
Não é tempestivo porque poderia ter sido escrito na década de setenta por um Artur Rimbaud ou um Augusto dos Anjos; na década de oitenta, por um Picasso ou um Mário de Andrade; na década de noventa, por qualquer artista inconformado. Já nos anos dois mil, o tédio apontando por Jéssica deveria ter se tornado nota de roda pé de qualquer literatura que emerge do “streaming”.
E por que não é cirúrgico? Porque esse tédio está espalhado na arte como um todo e não apenas no Brasil. A ruptura tornou-se tradição faz pelo menos sessenta anos e transformou os artistas em “baratas tontas”. Qual direção seguir? Se por um lado temos o tédio insuportável da poesia de língua inglesa, eternamente apoiada em sua alienação prosaica, mal do qual nem Auden escapou, e que nos faz engolir Louise Glück, por outro lado, temos que nos contentar com uma banana presa numa parede e fazer de conta que Duchamp nunca existiu, ou, para piorar, continuar achando que, para se fazer poesia, é necessário, antes, dominar o soneto.
Toma Aí Um Poema
diz:Adão, que comentário denso e cheio de referências! A sua análise é ótima e concordo com você em vários pontos.
O texto não quis ser tempestivo ou cirúrgico; ele quis ser um cutucão, um desses tapas leves na cara pra ver se alguém acorda. E talvez você tenha razão: o tédio na arte não é coisa nova, não é coisa do Brasil, e já é parte do jogo há um bom tempo.
Mas sabe o que me encanta? É que mesmo nesse cenário de “baratas tontas” e bananas na parede, ainda tem gente querendo provocar, discutir, incomodar – mesmo sabendo que não vai mudar o mundo com um texto ou um poema. Porque, no fim, a arte é isso: bagunça e catarse.
Valeu demais pelo comentário! Continuemos a discussão, porque ela também é parte da mudança 🎭🔥
Jose
diz:Eu imaginava que está errado. Esse texto veio somente reforçar a minha percepção de que a literatura brasileira não apresentava bons escritores nas prateleiras e nos prêmios, mas que li, esses escritores inovadores em sua temática, em sua estrutura romanesca estão à margem desses editores. Quero ler obras que provoquem , que incomodem e não esses textos pobres de criatividades.
Bruna Castro
diz:Idem
Toma Aí Um Poema
diz:José, entendo a sua frustração. Muita coisa boa ainda fica de fora das prateleiras e dos prêmios, e o mercado editorial às vezes parece uma vitrine repetitiva e previsível. Mas, se você busca textos provocadores e criativos, siga procurando, porque eles existem – só não costumam estar onde todo mundo olha.
E Bruna, obrigada por ecoar esse pensamento! O importante é continuar lendo, buscando e exigindo mais da literatura brasileira. Só assim ela sai do tédio e volta a nos surpreender.🔥
SINFRONIO MENDES FERREIRA NETO
diz:A colunista pode estar ceta sobre a falta de contundência da literatuea atual mas sugerir temas como desigualdade social e esta mesmice engajada de sempre ?!! A pobreza tendo origem num grande explorador capiralista ?!! De novo ?!!!!!
Aah !! Tenha dó, né?
Toma Aí Um Poema
diz:Sinfronio, meu querido, o texto foi feito pra cutucar mesmo, e olha só: funcionou direitinho, né? 😏 Você leu, ficou indignado e veio comentar – missão cumprida!
Agora, vamos combinar: se a mesmice engajada ainda incomoda tanto, talvez seja porque o problema que ela denuncia não foi resolvido. Enquanto o “grande explorador capitalista” continuar explorando, o tema vai continuar rendendo.
Obrigada por fazer parte desse coral indignado! 📚🎤
Marcia Moura
diz:Texto cirúrgico. Sou escritora e publiquei um livro que só consegui por editora independente porque trata de violência sexual e pedofilia, romance baseado em atrocidades que escuto no consultório. Ouvi de uma editora grande que seria melhor eu escrever outra coisa porque meu texto nao era atrativo, “as pessoas nao querem ler isso”. Publiquei e quem lê diz que é um texto necessário. Mas fora da bolha, fica difícil alcançar um grande número de leitores. E assim moldamos a sociedade.
Cristiane Melo Ferraz
diz:Muito bom! Isto nos faz refletir sobre o diminuto número de autores atrativos. Eles estão aí. Até ganham prêmios depois de um esforço enorme.
Maria José de Melo
diz:Eu também escrevi um livro sobre a violência sexual, concordo contigo, e a Jessika…
Toma Aí Um Poema
diz:Marcia, sua coragem merece aplausos. A literatura que incomoda, que trata de temas pesados e urgentes, sempre encontra mais portas fechadas. Mas é justamente essa literatura que abre cabeças e provoca mudanças. Que bom que você insistiu e publicou. Não pare. 💪📚
Cristiane, verdade! Tem muita gente talentosa por aí, lutando pra furar o bloqueio e alcançar um público maior. E mesmo com todo o esforço, muitas vezes ficam à margem. Mas, olha, cada texto escrito e lido já é um passo contra esse ciclo.
Maria José, que incrível saber que você também se posiciona com sua escrita. Vamos continuar colocando temas difíceis na pauta, mesmo que incomodem e sejam barrados pelas grandes editoras. A resistência também é feita de palavras. 🌿📖
Wanda Benedita Marques Monteiro
diz:Não há tédio na literatura brasileira. Há muitos brasileiros e brasileiras escrevendo excelentes livros sem maquiagem na narrativa , com inovação na linguagem, apresentando novas estruturas romanescas e construções poéticas. Mas esses escritorese escritoras nao conseguem furar as bolhas editoriais e nem as bolhas acadêmicas. O tédio existe é no mercado editorial sob o domínio de uma elite que só olha pro próprio umbigo
Toma Aí Um Poema
diz:Wanda, eu assino embaixo do que você disse. Também acredito que há muita coisa boa sendo feita, com ousadia, inovação e autenticidade. O problema não está na produção literária, mas sim no mercado e nos espaços dominados por poucos.
Admiro sua visão e compartilho da sua perspectiva: é preciso quebrar essas bolhas e abrir portas 💖📚
Erorci Santana
diz:O diagnóstico é certeiro. E elenos leva àquela mâxima sartreana: “A literatura é tudo ou não é nada”. Se não for pra sacudir, confrontar e trsnsformar o gênero humano, melhor que os escritores se dediquem à pjantação de hortaliças.
Toma Aí Um Poema
diz:Erorci, que comentário incrível! Essa citação sartreana traduz tudo que penso também. A literatura precisa mesmo sacudir, confrontar, mexer com a gente. Se for só pra ser bonitinha, é melhor mesmo plantar hortaliças e esperar o tempo passar.
Obrigada por trazer essa perspectiva. Vamos continuar sacudindo as palavras e provocando reflexão.
Escritor Revoltado
diz:Não é muita pretensão, exigir algo disruptivo na literatura brasileira? Porque ou o brasileiro não lê ou ele consome “literatura de baixa qualidade”. O editor em seu apartamento com ar condicionado e café com espuma é mais herói do que alienado, considerando que ele faz o Brasil ler com “baixa literatura”.
Toma Aí Um Poema
diz:Entendo sua indignação, e ela é mais do que justa. Realmente, o mercado nem sempre dá espaço para o novo e o ousado. Editores de grandes casas estão, muitas vezes, apenas desempenhando o papel que lhes cabe – e há um mérito nisso, claro. Mas se compartilho dos mesmos valores e ambições? Não.
Acredito que desejar uma literatura mais disruptiva não é um capricho, mas um imperativo vital. Só se transforma o mundo – e a própria linguagem – a partir de quem se atreve a desejar mais. Algo só pode ser atingido se for buscado, mesmo que pareça impossível. O que importa é sempre o caminho, porque o fim, em si, é apenas o resultado.
Na TAUP o caminho é feito de sonho, força e um olhar que, por mais que insista em ver o mundo com a crueza que ele nos oferece, escolhe permanecer meticulosamente ingênuo. Temos uma crença cega de que as palavras podem mudar destinos. Criamos um mundo no qual, ainda, vale a pena acreditar 💪
Marcelo Eduardo de Oliveira
diz:Foi essa sensação que tive ao procurar poetas contemporâneos numa revista digital: escrita em minúsculas à moda e.e. cummings; fonte helvetica; diagramação impecável; tudo limpo e esterelizado…uma estética quase que parece…bem…de shopping…pra dizer o mínimo.
Toma Aí Um Poema
diz:Marcelo, você tocou num ponto delicado e importante. Essa estética limpinha e controlada, quase de “shopping”, como você disse, realmente tem ocupado muitos espaços literários. A poesia, que deveria ser desordem e vida pulsante, muitas vezes aparece pasteurizada, com fontes moderninhas e textos que parecem embalados a vácuo.
A provocação do texto foi exatamente cutucar isso: lembrar que a literatura precisa ter sangue, confusão, verdade – e, claro, a rebeldia de quem ainda acredita que a forma também carrega sentido.
Valeu demais pelo comentário, ele ajuda a manter essa reflexão viva. 📚🔥