Se antigamente o poema nascia para a página, hoje ele ganha vida no vídeo. No feed, no stories, no reels, no TikTok. A poesia contemporânea está cada vez mais híbrida — é palavra, é corpo, é voz, é imagem em movimento.
E isso não é uma tendência. É uma revolução estética.
Nas redes, poetas de todos os cantos têm transformado seus versos em vídeo-poemas — uma forma de leitura performada que mistura literatura, teatro, música e audiovisual. Não se trata apenas de “ler para a câmera”. Trata-se de transformar o poema em experiência.

🎤 A poesia como performance cotidiana
A leitura gravada deixa de ser uma apresentação formal e passa a ser parte do cotidiano. Poetas falam olhando para a câmera de casa, do ônibus, da rua. Gravam com celular, com fone, com ruído de fundo — e tudo isso entra na estética. O vídeo-poema não precisa ser limpo: precisa ser vivo.
O que conta é o gesto: o olhar direto, a pausa, o ritmo da fala, o jeito como a palavra encontra o corpo.
💥 Reels, Reações, Reconhecimento
Em grupo de autores, é comum ver poetas compartilhando seus reels e vídeos de leitura. Alguns usam legendas dinâmicas, outros trilhas sonoras originais. E muitos relatam que, após postar um vídeo-poema, receberam mais engajamento do que com qualquer post escrito.
Isso acontece porque o vídeo toca o público em múltiplos níveis:
- A voz carrega emoção
- O corpo carrega intenção
- O olhar aproxima
- A imagem fixa
E no mar de conteúdos que é a internet, a poesia falada se destaca justamente por ser corpo presente.
🤳 Literatura de celular também é literatura
Existe, ainda, um certo preconceito com a ideia de “poesia de rede social”. Como se ela fosse menor, mais superficial. Mas a verdade é que muita gente está conhecendo poesia pela primeira vez através de um vídeo de 30 segundos.
E isso importa.
O vídeo-poema rompe a barreira entre o livro e o leitor. Leva a palavra para quem talvez nunca tivesse acesso — ou paciência — para a forma escrita. Democratiza o verso. Deselitiza o recital. Coloca a literatura no bolso de quem nunca pisou numa bienal.
🎬 Produzir vídeo-poema é também editar, montar, criar
A construção de um bom vídeo-poema é um trabalho artístico completo: requer roteiro, direção, edição, escolha de trilha, interpretação. É um formato que permite experimentações incríveis com colagens, sobreposições visuais, imagens de arquivo e até manipulação digital da voz.
E mesmo os vídeos simples — apenas o poeta e o celular — têm potência. Porque o que importa é a verdade da fala. A entrega. A conexão.
📌 Conclusão: o poema não cabe mais só no papel
O vídeo-poema é prova viva de que a poesia se reinventa.
Ela não está morrendo. Está se multiplicando.
Não está perdendo força. Está encontrando novos jeitos de ser sentida.
Seja num sarau, numa página impressa ou num vídeo de 30 segundos, a palavra segue pulsando.
E, talvez, hoje mais do que nunca, a poesia que viraliza é a que toca. E a que toca, permanece.
Então, se você ainda tem receio de gravar, aqui vai um conselho:
publique o poema. Fale o poema. Mostre o poema.
A internet é cheia de ruído. Mas, no meio de tudo, a sua voz pode ser silêncio que atravessa.