5 Poemas de Luiz Ricardo Resende Silva

5 poemas de Luiz Ricardo Resende Silva, para o Toma Aí Um Poema.

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Por um mundo com mais poesia!


Sou poeta, natural da cidade de Piranga, zona da mata mineira. Minhas poesias possuem forte caráter social e político, recorro constantemente a história. Público esse ano meu primeiro livro.

Acima da terra um verme governa o país 

 

Esse frio corrói os meus ossos

Esses vermes, gordos, comem minha carne 

A apodrecer debaixo desta terra

Esse buraco, cavado a tanto desdém 

Esse cemitério já sem vagas 

Tacam-me, dentro deste caixão, sem cerimônia 

Sem choro.  

A máscara, que tanto reclamei

Mal a usava, e quando, não cobria meu nariz 

Ou ficava sobre meu queixo 

Não preciso mais usar 

Minha garganta cortada, meu corpo sequelado pela intubação

Nada me incomoda mais

Agora não respiro mais.

Não sinto os ares bons da natureza 

Não sinto os aromas da comida de minha esposa, que tanto reclamava 

O futebol, com meus amigos, que não deixava de jogar 

Mesmo com a cidade inteira fechada

Hoje não posso mais.

A cerveja que bebia 

Dentro do bar de seu Jonas, com a porta entreaberta 

Não sinto descer em meu estômago, não sinto meu colesterol saltar 

Depois de alguns torresmos com gotas de limão. 

A vacina que não tomei, mesmo que já tenha idade 

A máscara que não usei 

O álcool que não passei em minhas mãos

O líder que defendi 

A invermectina que tomei de 15 em 15 dias. 

Agora, não preciso de mais nada 

O vírus não me afeta 

Apenas os vermes.


Inconfidência Mineira

 

Bandeirantes descalços, a caminhar sobre a mata densa

Trilhas repletas de pedras, minúsculas, cortando os pés

Buscam ouro, 

Barbas longas ao rosto, mal cheiro, roupas aos farrapos 

Espingardas nas costas 

Fazem a água queimar, caminham milhas e milhas sobre o sol quente

Fundam cidades, aldeias, vilarejos 

Expandem o Império Português 

A trote de mula, atravessam rios.

Encontram o ouro negro, fundam Vila Rica

Fundam a cidade, que aos poucos cresce

Igrejas construídas, ornamentadas pelo ouro 

Explorado a base de chicotadas, hipotermia e morte

Escravizados que até hoje agonizam sobre o céu acinzentado de Ouro Preto 

A cidade dos bacharéis, dos nobres, da alta classe brasileira 

Ruas de pedra, casarões imensos

Escravos carregam seus senhores 

Os árcades escrevem odes de amor, ora falam sobre um amor impossível

Ora festejam nos bailes da cidade, vivendo amores reais

Levam uma vida de patuscadas, 

O álcool, o ópio, os beijos, os gozos, os prazeres

Vivem o hoje, como o deve ser vivido 

Carpe Diem

A extração do ouro incontrolável, João V assina 

“Será cobrado um tributo! Sobre minha terra por direito, roubada dos indígenas” 

“Vá para o quinto dos infernos”, disse outro

 Mandado a forca. 

Enquanto os negros, batalhavam contra a própria mente,

Usam seus santos ocos, esperança de liberdade.

Os senhores pomposos sonegavam impostos.

Como poderá, como poderá sobreviver Lisboa 

Com toda essa arrogância 

O terremoto avassalador destrói os prédios e palácios 

O tsunami inundou as ruas, sorte que passou bem rápido, antes dos incêndios.

Falta dinheiro, falta dinheiro 

O nosso foi-se para a Inglaterra 

A derrama será cobrada, Pombal ordenou!  

Os senhores de Vila Rica, desesperaram-se enfim, quanto devem para a coroa 

Morrerão as mínguas  

Santo Cristo! Santo Cristo!

Juntemos todos, irmãos

Contra a coroa autoritária, contra o déspota Pombal! 

Ora, espere um pouco… 

O movimento que fazemos precisa de um pobre, quem morrerá para pagar por nossos crimes? 

Quem servirá de exemplo? 

Eu não! Nem eu! Muito menos eu! Estou fora deste cargo! Disseram todos coro

Surgiu um alferes, no fundo da sala.

Temos um condenado!

Inspirações tão belas: Libertas Quae Será Tamen.

A derrama será feita, peguem suas armas 

Será fundada a República! 

Mal contavam, os apaixonados poetas e os pequenos burgueses

Mal contavam com Judas 

Com suas botas cheias de moedas,

Joaquim Silvério dos Reis denunciou.

Estavam todos condenados.

Ricos para um lado, vão para o exílio! 

Pobre, singular, para a forca! 

A rainha louca deu a sentença 

“Matem! Matem! Cortem a cabeça!” 

Espere um pouco, minha senhora, interviu um pintor republicano, com ares de intelectual

Deixe-me colocar uma barba longa, mudar seu rosto 

Roupas longas, como manto, para que lembre Jesus 

Viril para demonstrar força, e olhando aos céus clamando a Deus

Não consigo pensar mais, minha cabeça dói,  

Pronto! um herói para República, está feito!

Morreu, o pobre Tiradentes!

 

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Delírios comunistas

 

Invadem nossas casas e terras 

Esses homens barbudos 

Que não se preocupam com a decência

Dentes amarelados e mão imundas 

Vagabundos, seres monstruosos que por mais que tenham emprego continuaram sendo vagabundos 

Com o auxílio não trabalham 

Esgotam o dinheiro público, feito vampiros sugando o sangue. 

Formam-se nos redutos de maconheiros e prostitutas. 

Pele rugosa, tem esses homens 

Esperam tudo de graça, educação, saúde, lazer, sem conquista, meritocracia. 

Roubam as vagas nas federais, com seus filhos criolos, pobres ou bichos do mato.

Olhar demoníaco tem esses seguidores de Fidel, satã na surdina 

Cumprimenta-os com um sorriso bem grato

Destroem a igreja, crucificam Cristo 

Insinuam que Cristo pode ser qualquer um, insinuam que Cristo está naqueles que sofrem.

Enfiam crucifixos na vagina e no cú, homens deploráveis. 

A visão do caos, sem Paes, comunistas nos órgão públicos 

O mundo dividido em dois, a esquerda pecadora e a direita progressista.


Seu Salles

 

Foi-se tarde 

Seu Salles, cabeça de fogo 

Braços de fogo, pés de fogo 

Mata em fogo 

Foi-se tarde, seu Salles 

Madeiras ao chão, curvadas em sua saída 

Animais em abate, para o banquete em sua saída

Pobre são seus convidados 

Terem de comer onças, tamanduás, micos carbonizados 

Pelo fogo crescente 

Pobre são seus convidados, 

Terem de beber esse suco feito com as águas mal cheirosas

Destes rios poluídos

Pobre são seus convidados, desta incomum despedida,

Terão como único aroma,

Dessa valsa desgovernal, o ar poluído da indústria 

O ar poluído do desmatamento, do minério e do fogo ascendente.


Nasceu Poeta

 

Consta nos registros que nasceu as 9 da manhã,

No frio gélido de julho,

Na despedida de uma festa Piranguense.

Menino sadio, branco feito papel.

Nasceu chorando, foi viver neste mundo pecaminoso.

Nasceu, descido do céu,

Fronte angelical, em meio a estrelas tortas,

Veio poeta,

Conterrâneo mineiro, terra fértil a poesia.

Que choro poético

Repleto de dor da primeira respiração,

O pulmão a queimar, arder.

Que olhar poético não foi sua primeira perplexidade

Admirado pela imensidão que lhe aguardava

Maior e mais vasto

Que o aconchegante e protetor ventre.

Nasceu o ser que viria a ser

Ou nasceu o não sei o que.

Nasceu revolucionário, é fato,

Separado, por anos impares, da queda da bastilha.

Nasceu belo, e assim continua, isso é fato

Quando não se pega por padrões,

Nasceu arrogante, isso é mais fato ainda – 

Se um fato for maior que o outro, e não contestação de algo –

Um bom primata, peludo, intelecto médio.

Nasceu programado, industrialmente

Nasceu em ascensão, falso socialmente

Azar, quis tornar-se professor,

Ou pior, escritor, que horror!

Melhor: Poeta. Ou coisa alguma.

Nasceu escrito, nas linhas do corpo.

Nasceu poético com seu choro e admiração.

Nasceu biográfico, no abandono

Não imediato, prolongado…

Nasceu poeta, inconsistente, mutável,

Nasceu amargo e ferino,

Rabugento desde a concepção.

É fato, nasceu em 14 de julho


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