Sou atriz, poeta e dramaturga. Tenho meu primeiro livro de poesia lançado em 2021 com o título “Beberei Menos Se Me Amares Mais” pela Editora Voz de Mulher. Desse livro surgiu um monólogo autoral que foi apresentado online e está sendo trabalhado para a volta das apresentações presencias. Tal trabalho se refere a minha pesquisa artística pessoal que investiga maneiras de encenar uma poesia.

SALÉM

 

Feitiço te incomoda

Porque o controle é meu

Bruxaria não é o que você não entende

É o que você não engole

 

Você fareja e caça

O que te mete medo

 

E em nome de Deus

Persegue minhas asas

 

Mas eu luto

Te enfrento

Te canso

E te deixo num impasse

 

Porque mulher queimada

Faz fumaça

E fumaça

Também mata

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DANCING DAYS

 

Tudo o que eles fazem

Tem pouca vontade

Ou não se baila 

Ou se baila mal

 

Mas sair ainda me brilha os olhos

Olhar os corpos

As bocas

As caras chapadas

 

Na repetição dos movimentos

Eu procuro um vai e vem

Mais animal

 

Eu farejo

Mas hoje em dia não se sentem mais os cheiros

 

Os olhares são rápidos

Não se tem mais tempo

Perdemos o compasso

E ritmo não se recupera

Assim tão fácil

 

Somos um bando de surdos

Que dançam mal

E falam sem parar

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FUTURO DOS AMANTES

 

Qual será o futuro dos amantes

Nesses tempos de separação?

 

Nesse divórcio forçado

Sem assinatura

Sem bens

Sem escândalo

 

O que será dos amantes

Se está proibido 

A troca de fluídos?

 

Se não se pode mais

Sentir os cheiros

Nem se ouvir

Os gritos

 

De que vale meu orgasmo

Se eu não amo 

Essas pessoas

Que aqui participam?

 

A imaginação é poderosa

Eu sei

E meus dedos já marcaram

Muito mais pontos 

Que certas línguas

 

Mas a falta de você

Me deprime

Me brocha

Nenhum ângulo,

Gemido

Ou posição

Me empolga

 

Bem vindos à temporada

Dos forçadamente
Frígidos

 

Onde até o Brad Pitt

Perdeu nota

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AMARGA

 

Eis-me aqui

Entorpecida

De droga e de alegria

Rindo alto 

Com os meninos da esquerda 

Que me acham uma graça

Feminista

Desconstruída

Descolada 

Uma foda fácil

Seguida de um descaso sem culpa 

Afinal

Por que eu iria reclamar?

Logo eu

Que fala de amor livre

E faz piada com suruba 

Minha carne 

É para finais de semana

Não para o dia a dia 

Porque no fundo

Eu sou fria

Odeio os homens

E falo “não” demais