Quando falamos em políticas públicas, é comum pensar em hospitais, escolas, segurança ou transporte. Mas a cultura, apesar de ser muitas vezes invisibilizada no debate público, também é infraestrutura essencial — não de concreto, mas de sentido. Investir em cultura é investir no que sustenta uma sociedade para além da sobrevivência: identidade, memória, pertencimento e imaginação coletiva.
E mais do que isso: a cultura é uma ferramenta poderosa de combate às desigualdades. É por meio da arte, da literatura, da palavra e da circulação simbólica que comunidades constroem autonomia, fortalecem vínculos e expandem horizontes. Toda iniciativa cultural comprometida com o acesso, a formação e a diversidade cumpre, na prática, o papel de uma política pública — mesmo que não reconhecida oficialmente como tal.

📖 Cultura e transformação social: o que está em jogo
A cultura é, historicamente, o campo onde se decide quem pode falar, quem pode ser ouvido e quem é apagado da narrativa. Por isso, ao apoiar projetos culturais que democratizam o acesso, estamos atuando diretamente na redistribuição simbólica do poder. Fortalecer bibliotecas comunitárias, apoiar a publicação de novos autores, realizar oficinas e eventos acessíveis — tudo isso interfere diretamente na formação cidadã e na diminuição das desigualdades.
Iniciativas culturais comprometidas com a justiça social vão além do entretenimento ou da fruição estética. Elas criam espaços de escuta e expressão onde antes havia silêncio. Elas possibilitam que jovens escrevam suas histórias em vez de apenas serem alvos da estatística. Elas criam políticas públicas onde o Estado ainda não chegou.
🟢 A TAUP como política pública em movimento
A Toma Aí Um Poema (TAUP) é exemplo concreto de como o terceiro setor e a cultura se encontram para gerar impacto real. Atuando como editora-ONG desde 2020, a TAUP já publicou mais de mil autores, com foco em grupos historicamente minorizados: mulheres, LGBTQIA+, negros, indígenas, pessoas com deficiência e autores periféricos.
Mas a atuação da TAUP vai além da publicação: ela forma leitores, fortalece comunidades, oferece oficinas literárias, estimula campanhas coletivas de financiamento e distribui livros em espaços com pouco ou nenhum acesso à literatura. Tudo isso de forma descentralizada, acessível e com foco no fortalecimento de redes locais.
Em um país onde a maioria dos municípios sequer possui uma livraria ou biblioteca ativa, a TAUP funciona como política pública viva — feita com cuidado, escuta e compromisso. É uma resposta concreta à ausência de estrutura estatal, ao elitismo do mercado editorial e à urgência de criar alternativas para narrativas plurais.
📌 Conclusão: Cultura é urgência, não adorno
Defender a cultura como política pública não é luxo nem retórica. É reconhecer que toda transformação estrutural passa pela transformação simbólica. O que lemos, o que escrevemos, o que publicamos e o que circula em nossas comunidades define quem somos — e quem poderemos ser.
A TAUP mostra que é possível fazer isso com poucos recursos, mas com muito sentido. E que quando o Estado se omite, as ações coletivas podem preencher essa lacuna com criatividade, ética e impacto.
Porque investir em cultura é, sim, fazer política pública.
E fazer política pública é garantir que ninguém seja deixado fora da história.
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