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A poesia no Brasil sempre foi muito mais do que forma, métrica e tradição. Desde as margens da cidade, das salas de aula periféricas, dos becos, vielas e saraus — ela grita, denuncia, provoca e transforma.
Nos últimos anos, a poesia de resistência cresceu em visibilidade e potência, impulsionada por movimentos como o slam poetry, a poesia marginal e a literatura decolonial feita por mulheres, pessoas negras, indígenas e LGBTQIA+. Essa poesia nasce do corpo, do território e da urgência — e não pede permissão para existir.
Neste artigo, vamos conhecer o cenário vibrante da poesia insurgente no Brasil, seus coletivos, autoras e performances — e como ela tem redesenhado o mapa literário a partir da voz, da rima e da revolta.

🎙️ O que é Poesia Slam?
Slam é um campeonato de poesia falada, criado nos anos 1980 nos EUA, que chegou ao Brasil nos anos 2000 e encontrou terreno fértil nas periferias urbanas.
Mas não se trata apenas de competição: o slam é espaço de escuta, enfrentamento e liberdade.
É um microfone aberto onde vozes historicamente silenciadas encontram palco, plateia e pertencimento.
Cada poeta tem até 3 minutos para declamar um poema autoral, sem música, figurino ou apoio — só a voz e o corpo como instrumento.
Os temas mais comuns? Racismo, machismo, LGBTQIAP+fobia, violência de Estado, ancestralidade, amor e dor periférica.
🧨 Slam das Minas: poesia como resposta à opressão
Criado em 2016, o Slam das Minas é um dos movimentos mais impactantes da poesia falada no Brasil.
É um campeonato só para mulheres e pessoas trans, que surgiu como resposta à constante invisibilização feminina nos slams mistos.
Presente em vários estados do país, o Slam das Minas é mais que um palco: é um espaço de cura coletiva, enfrentamento poético e empoderamento interseccional.
Por ali passaram nomes como:
- Mel Duarte
- Bell Puã
- Luiza Romão
- Sueli Maxakali
Essas vozes provam que poesia é também política pública, ferramenta de denúncia e reconstrução simbólica.
📚 América Xereca: poema-manifesto decolonial
No campo da literatura escrita (e também falada), uma das obras mais emblemáticas da poesia de resistência recente é o livro América Xereca, publicado sob o heterônimo Eugênia Uniflora, da escritora Jéssica Iancoski.
Finalista do Prêmio Mix Literário em 2024, o livro é um poema-manifesto que mistura erotismo político, crítica colonial e feminismo latino-americano.
A xereca, nesse caso, é símbolo de território colonizado, corpo violado, mas também lugar de prazer, origem e insurgência.
Com linguagem crua, irônica, feroz e sensível, América Xereca se conecta diretamente ao espírito do slam: é voz encarnada que se recusa a ser neutralizada.
É o tipo de poesia que não cabe em estante — mas pulsa no corpo.
✊ Coletivos e autoras para conhecer
Se você quer mergulhar nesse universo da poesia de resistência, conheça alguns dos nomes e coletivos que têm feito história nos palcos e nas páginas:
- Slam das Minas (SP, DF, BA, RJ, CE): coletivo nacional com ramificações locais.
- Slam Marginália (RJ): promove batalhas em territórios periféricos.
- Slam da Guilhermina (SP): um dos mais antigos e tradicionais do Brasil.
- Mel Duarte: poeta e performer com atuação na cena de poesia falada.
- Luna Vitrolira: poeta pernambucana, une performance, corpo e mística.
- Bia Doxum: voz afrocentrada, que une espiritualidade e enfrentamento racial.
- Riane Nascimento: poeta trans baiana com atuação destacada em literatura decolonial e transfeminista.
Essas vozes estão em zines, livros, palcos de slam, redes sociais e saraus. Elas são o novo centro da poesia brasileira — que agora nasce na borda e invade o mapa.
📌 Conclusão: Quando a palavra vira território
A poesia de resistência não é um gênero — é uma urgência.
Ela nasce da vida real, da opressão cotidiana, mas também da alegria comunitária, do corpo que dança e sobrevive.
Slam, poesia marginal e escrita decolonial são formas de reocupar a linguagem, de devolver sentido ao gesto de escrever e de falar.
São maneiras de lembrar que, num país onde o silêncio é imposto a tantos, falar é um ato radical.
E se há algo que essas vozes ensinam é:
a poesia não é fuga — é retorno. Ao corpo. Ao território. À verdade que incomoda.