O Que Ninguém Diz Sobre Empreender com Propósito: Bastidores da TAUP

Porque criar uma editora com impacto social é tão bonito quanto exaustivo — e não vem com manual

Falar sobre propósito virou moda. Mas viver um projeto com propósito, no cotidiano, é atravessar contradições, decisões difíceis e muitos dias de cansaço. É dizer “sim” para algo que você acredita, mesmo quando tudo à sua volta grita “não vai dar certo.” Quando fundei a Toma Aí Um Poema (TAUP), em 2020, a ideia era simples: tornar o livro acessível para quem nunca teve voz no mercado editorial.

A missão era clara. O propósito, inegociável. Mas o caminho — esse ninguém ensina.
E é sobre ele que quero falar aqui.

📦 Propósito não paga boleto — mas também não se vende

Empreender com propósito exige conviver com uma ambivalência diária: você trabalha com o que acredita, mas também precisa lidar com a realidade de fazer tudo funcionar. Equilibrar valores com logística. Ética com precificação. Acolhimento com prazo. Horizontalidade com tomada de decisão.

Na TAUP, decidimos desde o início não transformar o livro em produto de elite. Isso significa trabalhar com orçamentos enxutos, campanhas de pré-venda, distribuição gratuita em muitos casos — tudo isso sem abrir mão de qualidade gráfica, atenção individual e compromisso com cada autor.

Mas isso também significa noites viradas, planilhas tensas, decisões difíceis.
Fazer bonito cansa. Fazer justo exige. E é importante dizer isso em voz alta.


🤯 Você vai trabalhar o dobro para fazer o triplo com a metade

No terceiro setor, especialmente na cultura, os recursos são escassos, o tempo é curto, e as demandas são infinitas. Publicar mil autores com orçamento limitado, organizar feiras, editar obras diversas, responder centenas de mensagens, prestar contas, criar identidade visual, escrever projeto, organizar chamada pública… tudo isso acontece junto, o tempo todo.

A TAUP cresceu rápido — porque havia uma urgência coletiva. Mas por trás de cada livro entregue, existe uma estrutura invisível de cuidado, sobrecarga e muita reinvenção. Empreender com propósito exige criatividade não só no projeto — mas no modo de sobreviver com ele.


💔 Nem todo mundo entende — e tudo bem

Ao escolher um caminho com propósito, você vai ser mal interpretada. Vai ouvir que é “amadora”, que “dá espaço demais”, que “não tem filtro”, que “não pensa em lucrar.” Vai ser comparada a quem tem equipe de vinte pessoas, financiamento estável, apoio institucional. Você vai fazer milagres — e às vezes, ninguém vai ver.

Mas tudo bem. Porque você vai receber mensagens de autores dizendo que publicar com você mudou a vida deles. Vai ver um livro chegar a uma escola onde nunca houve biblioteca. Vai ouvir alguém dizer que voltou a escrever porque se sentiu acolhido.
E aí tudo faz sentido de novo.


🫂 Propósito também é gente

Se tem algo que a TAUP me ensinou é que nenhum propósito sobrevive sozinho. O que sustenta uma iniciativa como essa não é só idealismo — é rede. É gente que caminha junto. Leitores que confiam. Autores que divulgam. Parceiros que somam. Equipe que segura a onda.

Propósito não é só ideia bonita. É pacto. É aliança. É construção coletiva.


📌 Conclusão: empreender com propósito é escolher um caminho com espinhos — mas com flores que só nascem nele

A TAUP nunca teve grandes patrocínios, nem estrutura inchada. Mas tem algo que o mercado ainda não aprendeu a mensurar: impacto real na vida das pessoas. Cada autor estreante. Cada livro em uma periferia. Cada poema que encontrou alguém.

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