Spoiler: às vezes a inspiração não some — ela só muda de roupa.
Tem dia que você senta com o caderno aberto, o café do lado, a playlist de sempre no fundo… e nada vem. A caneta pesa. A palavra escapa. A página te olha de volta com uma cara de “hoje não, poeta”.
Calma. Não é só com você.
A falta de inspiração é parte do jogo. É tipo maré baixa: o mar não sumiu, só tá respirando de outro jeito.
Mas aí vem a pergunta que fica latejando no fundo da testa: o que eu faço quando não dá vontade de escrever nada?

🕯️ Às vezes é pausa, não bloqueio
Primeiro de tudo: não se culpa.
A poesia não é uma fábrica. Não tem ponto pra bater. Tem poeta que escreve todo dia, e tem poeta que espera o silêncio amadurecer. E tudo bem. Às vezes a vida tá ocupando espaço demais — e a palavra precisa esperar um pouco pra caber.
Mas se você quer provocar a inspiração, não chamar ela aos gritos, mas dar uma piscadinha… tem jeito.
Lê outras coisas. Escreve sem querer publicar. Copia um trecho que você gosta e continua. Anda na rua prestando atenção nos cartazes, nas conversas, nos barulhos. Faz lista de palavras bonitas. Anota sonhos. Escuta sua vó. Muda de idioma. Rasura. Finge que é outra pessoa escrevendo.
A inspiração, às vezes, tá só enjoada da rotina.
Ela quer um pouco de vento, um pouco de bagunça, um pouco de corpo.
Ela aparece quando você vive — e não só quando você força.
E se tudo falhar? Escreve mesmo sem vontade.
Escreve coisa ruim. Escreve feio. Escreve com raiva.
Porque escrever mal por uns dias é melhor do que silenciar a mão por medo de não sair obra-prima.
A poesia não mora só no sublime.
Ela mora também no rascunho. No borrado. No quase.
Ela mora onde você insiste. Onde você tenta mesmo sem saber como termina.
Então não se apavora. Musa não é chefe.
Ela é visita — e visita adora casa bagunçada com amor.
Vai vivendo. Vai anotando. Vai voltando.
E quando ela bater na porta, você já vai estar com a página aberta.