Não Se Combate o Racismo Apagando Monteiro Lobato

É verdade: Monteiro Lobato era racista.
E é exatamente por isso que precisamos continuar lendo — e discutindo — suas obras nas escolas.

Não para celebrar suas ideias ultrapassadas. Mas para expô-las à luz do tempo, do olhar crítico, da escuta pedagógica e da responsabilidade histórica. Fingir que ele não foi o que foi é um desserviço à educação. E retirá-lo completamente do currículo é mais fácil do que necessário.

Porque, sim, trabalhar criticamente com leitores dá mais trabalho.
Mas é infinitamente mais transformador do que reescrever a história para que ela pareça menos incômoda.

Foto Jéssica Iancoski | Divulgação
Foto Jéssica Iancoski | Divulgação

📌 Um ótimo escritor — e um produto do seu tempo

Monteiro Lobato foi, sem dúvida, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira. Inventivo, ousado, pioneiro — ele renovou a forma de se escrever para crianças e marcou gerações com personagens icônicos como Emília, Visconde de Sabugosa, Narizinho e Tia Nastácia.

Mas também foi, sem dúvida, um homem branco, do início do século XX, com convicções racistas, eugenistas e elitistas.
Não é contraditório dizer isso. É necessário.

Dizer que alguém foi “do seu tempo” não é uma desculpa — é uma contextualização. E se estamos falando de educação literária, a função da escola não é fingir que os clássicos são irrepreensíveis. É justamente ensinar o leitor a ler também o que está por trás do texto.


📚 Educar é mostrar, não esconder

O problema não está em Lobato ser lido. O problema está em Lobato ser lido sem mediação.
Sem contextualização. Sem explicação. Sem confronto com os valores do presente.

Quando uma criança lê que Tia Nastácia “tem medo de subir em árvore porque é negra”, isso precisa ser discutido. Precisa ser nomeado. Precisa ser desconstruído em voz alta, em sala de aula, com um professor capaz de mediar o que está em jogo ali: o racismo naturalizado na literatura clássica.

E é exatamente por isso que as notas explicativas inseridas pelo MEC nas edições de Lobato não são censura — são ferramentas pedagógicas.
São formas de dizer: sim, isso foi dito. Mas não precisa ser repetido.
É possível reconhecer o valor literário de um autor e, ao mesmo tempo, criticar suas visões de mundo. Isso se chama maturidade crítica.


✊ Apagar não educa. Explicar, sim.

Censurar Lobato é, na prática, fingir que o racismo nunca fez parte da formação da literatura brasileira.
E o que é pior: ao apagar esse passado, abre-se espaço para que ele se repita em outras formas, mais sutis e talvez mais perigosas.

Educar é lidar com o desconforto. É mostrar que, sim, o Brasil produziu livros incríveis — mas também carregou, em sua produção cultural, os traços do racismo estrutural.
Não ensinar isso é trair o papel social da literatura.


📌 Conclusão: leitura crítica é antídoto — não a censura

Monteiro Lobato não precisa ser banido. Ele precisa ser revelado por inteiro.
Como grande escritor. Como figura contraditória. Como produto de um Brasil que ainda precisa aprender a olhar no espelho.

Ensinar literatura é ensinar a pensar. E pensar não é a mesma coisa que proteger.

Ao invés de apagar autores, que tal ensinar leitores a interpretá-los com consciência?
Porque só assim teremos, no futuro, uma geração capaz de escrever livros melhores do que os que herdamos.


É verdade: Monteiro Lobato era racista.
E é exatamente por isso que precisamos continuar lendo — e discutindo — suas obras nas escolas.

Não para celebrar suas ideias ultrapassadas. Mas para expô-las à luz do tempo, do olhar crítico, da escuta pedagógica e da responsabilidade histórica. Fingir que ele não foi o que foi é um desserviço à educação. E retirá-lo completamente do currículo é mais fácil do que necessário.

Porque, sim, trabalhar criticamente com leitores dá mais trabalho.
Mas é infinitamente mais transformador do que reescrever a história para que ela pareça menos incômoda.


📌 Um ótimo escritor — e um produto do seu tempo

Monteiro Lobato foi, sem dúvida, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira. Inventivo, ousado, pioneiro — ele renovou a forma de se escrever para crianças e marcou gerações com personagens icônicos como Emília, Visconde de Sabugosa, Narizinho e Tia Nastácia.

Mas também foi, sem dúvida, um homem branco, do início do século XX, com convicções racistas, eugenistas e elitistas.
Não é contraditório dizer isso. É necessário.

Dizer que alguém foi “do seu tempo” não é uma desculpa — é uma contextualização. E se estamos falando de educação literária, a função da escola não é fingir que os clássicos são irrepreensíveis. É justamente ensinar o leitor a ler também o que está por trás do texto.


📚 Educar é mostrar, não esconder

O problema não está em Lobato ser lido. O problema está em Lobato ser lido sem mediação.
Sem contextualização. Sem explicação. Sem confronto com os valores do presente.

Quando uma criança lê que Tia Nastácia “tem medo de subir em árvore porque é negra”, isso precisa ser discutido. Precisa ser nomeado. Precisa ser desconstruído em voz alta, em sala de aula, com um professor capaz de mediar o que está em jogo ali: o racismo naturalizado na literatura clássica.

E é exatamente por isso que as notas explicativas inseridas pelo MEC nas edições de Lobato não são censura — são ferramentas pedagógicas.
São formas de dizer: sim, isso foi dito. Mas não precisa ser repetido.
É possível reconhecer o valor literário de um autor e, ao mesmo tempo, criticar suas visões de mundo. Isso se chama maturidade crítica.


✊ Apagar não educa. Explicar, sim.

Censurar Lobato é, na prática, fingir que o racismo nunca fez parte da formação da literatura brasileira.
E o que é pior: ao apagar esse passado, abre-se espaço para que ele se repita em outras formas, mais sutis e talvez mais perigosas.

Educar é lidar com o desconforto. É mostrar que, sim, o Brasil produziu livros incríveis — mas também carregou, em sua produção cultural, os traços do racismo estrutural.
Não ensinar isso é trair o papel social da literatura.


📌 Conclusão: leitura crítica é antídoto — não a censura

Monteiro Lobato não precisa ser banido. Ele precisa ser revelado por inteiro.
Como grande escritor. Como figura contraditória. Como produto de um Brasil que ainda precisa aprender a olhar no espelho.

Ensinar literatura é ensinar a pensar. E pensar não é a mesma coisa que proteger.

Ao invés de apagar autores, que tal ensinar leitores a interpretá-los com consciência?
Porque só assim teremos, no futuro, uma geração capaz de escrever livros melhores do que os que herdamos.

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