
Há livros que sussurram e há livros que esmurram. Miss Cimento, estreia literária de Ale Pesavento, não apenas esmurra — ele deixa o leitor à beira do desassossego. Nascido em Curitiba em 1992, designer gráfico, diagramador e estudante de Letras–Italiano pela UFPR, Ale se apresenta com uma escrita lacônica e densa, que transita entre o cotidiano e o abismo.
A narrativa, ambientada na atmosfera sufocante de uma cidade grande — e não por acaso em Curitiba — gira em torno de Beca, uma mulher que, ao cruzar o elevador com a figura de um passado traumático, vê ruir a estabilidade recém-reconstruída após o fim de um relacionamento. O encontro não é casual: é uma deflagração.
O trauma emerge como uma “quimera” adormecida, que nunca deixou de rondar. Beca, então, vê-se entre o colapso e a necessidade de se reinventar — e, nesse processo, encontra na amiga Sissa uma espécie de espelho invertido. Sissa reage. Sissa planeja. Sissa declara guerra contra o agressor, como se a justiça emocional pudesse ser feita no ato, no presente, no concreto. Essa tensão é o combustível da trama: o desejo de resposta quando o silêncio sufoca.
Pesavento escreve com ares de quem conhece os ruídos internos da ansiedade, o concreto estilhaçado da cidade e o peso opressor do que não se diz. “Ansiedade. Laconismo. Curitiba.” Essas três palavras, segundo o autor, são as chaves de leitura da obra. E talvez nenhuma outra trinca resuma tão bem a experiência de Miss Cimento.
Com influência clara do cotidiano urbano, a livrete surpreende não por rodeios, mas pela intensidade direta e seca — há uma inquietação crua, quase documental, no estilo. O título, enigmático à primeira vista, é, como define o autor, “uma arma de Tchekhov”: um elemento que carrega tensão, peso e promessa.
Quando questionado sobre o processo de escrita, Ale é curto e certeiro: “descobri que escrever é difícil; na revisão, que sou desatento.” Sua honestidade não é falta de modéstia, mas parte do pacto que estabelece com quem o lê: não há maquiagem. O que há é carne viva.
Miss Cimento é um livro sobre abismos que se camuflam no cotidiano. Sobre os fantasmas que habitam as caixas metálicas dos elevadores. Sobre a angústia silenciosa que se arrasta entre o asfalto e os ossos. Sobre o impacto — esse é, afinal, o sentimento que Ale mais espera despertar.
“Que leiam”, diz. “E digam aos outros que leiam também.”
A missão está dada.

📖 Onde comprar Miss Cimento, de Ale Pesavento
A Coleção Gralha Azul apresenta Miss Cimento, de Ale Pesavento — uma estreia impactante na literatura paranaense que mergulha nas angústias e nos ruídos de uma cidade que engole seus habitantes em silêncio.
Com uma escrita afiada, urbana e inquieta, a livrete acompanha o abalo emocional de Beca, uma mulher confrontada com o retorno de um trauma antigo. Entre lacunas, silêncios e impulsos de revanche, o livro constrói uma narrativa tensa e visceral sobre medo, memória e resistência.
🌆 Miss Cimento está em pré-venda exclusiva e pode ser adquirido no link:
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