Artista multidisciplinar nascida na Argentina e residente no Paraná há três anos, María Centurión transita entre o teatro, a dança, a escrita, a música e o audiovisual. Criadora, diretora, atriz, dançarina e educadora, desenvolve obras e processos criativos que exploram o corpo, a voz e a palavra como ferramentas de expressão, cura e transformação. Seu trabalho se debruça sobre as camadas da experiência humana — abordando temas como o sagrado, a vida, a morte, o desejo e a introspecção.
Em Onde dormem as nuvens, livro que integra a Coleção Gralha Azul, María apresenta uma escrita profundamente sensorial e simbólica. Os poemas revelam as paisagens internas do ser, suas feridas, metamorfoses e silêncios. É uma obra que pulsa entre carne e pensamento, sonho e memória, ancestralidade e reinvenção.
Com versos que evocam imagens mitológicas, femininas e oníricas, Onde dormem as nuvens é mais do que um livro: é um rito de passagem, um mergulho poético na busca por autoconhecimento e conexão com o invisível.
A obra se destaca na Coleção por sua força imagética, espiritual e corporal. É poesia que uiva, dança, sangra e cicatriza — sem jamais esquecer de escutar o que mora no silêncio.
Nesta entrevista exclusiva ao blog da Toma Aí Um Poema, María Centurión compartilha o processo criativo do livro, suas relações com a escrita e o corpo, e a maneira como a arte se torna caminho de escuta e existência.

Fale um pouco sobre você — quem é María Centurión na vida cotidiana e quem se revela quando você começa a escrever?
Sou uma mulher de 42 anos, nascida em Buenos Aires, Argentina. Há seis anos deixei minha terra natal para conhecer novas geografias e culturas a partir da vivência cotidiana — e não apenas como visitante. Amo e me dedico ao teatro, à dança, às terapias, à educação e à escrita; sinto que todas essas práticas são galhos de uma mesma árvore.
Vivo no Brasil há três anos e dois meses, e em Morretes, no Paraná, há dois anos e sete meses. Tenho aprendido muito com essa terra e sua história — como plantar, cuidar e escutar a natureza.
A paisagem de Morretes constantemente me convida à contração e à expansão. É uma terra mágica, onde me deixo guiar pelo encantamento da floresta.
Como nasceu a ideia do seu livro “Onde dormem as nuvens” e por que você escolheu exatamente esse título?
Escrevo desde sempre, mas foi após um acontecimento muito marcante em minha vida que senti a necessidade de partilhar meus escritos. Assim, iniciei em 2019 a gestação do meu primeiro livro, Luzes e Sombras de um Despertar, que veio à luz em 2024.
Foi aqui, rodeada pela floresta, que compreendi que minhas palavras precisavam sair de mim e ganhar o mundo — não eram mais apenas minhas.
Entre nuvens e montanhas, estes poemas que agora compõem Onde Dormem as Nuvens emergiram com força. Eles encerram um ciclo importante da minha vida. O título nasceu justamente dessa paisagem: foi aqui que as nuvens voltaram, que a tempestade me chamou, e que surgiu a vontade profunda de compartilhar.
Se tivesse que resumir sua livrete em três palavras, quais seriam?
Caminho para casa.
Durante o processo de escrita, houve algum momento em que a o livro te surpreendeu — uma descoberta sobre você ou sobre o tema que capturou sua atenção? Você poderia compartilhar com a gente?
Sim, pude reconhecer minha transformação ao longo dos últimos dez anos e perceber como esta geografia ancestral me chamava a encerrar um ciclo.
Qual sentimento você mais espera despertar nos leitores ao ler seu livro: inquietação, nostalgia, esperança ou outro? E por quê?
Acredito que seria a unidade — essa teia invisível que conecta todos os seres. Sinto que, em maior ou menor grau, expresso sentimentos universais: o desejo de deixar cair as máscaras, de morrer simbolicamente para renascer, de nos perdermos para, enfim, nos reencontrarmos.
Gostaria de acrescentar mais alguma reflexão, comentário ou curiosidade sobre sua obra para os leitores perceberem melhor sua proposta?
Acrescentaria apenas que, agora, a poesia tem surgido na forma de música — e tenho me permitido vivê-la assim, sem julgamentos, sem expectativas, sem esperar por nada. Apenas sendo. Para mim, isso já é uma grande vitória.

📖 Onde comprar Onde dormem as nuvens, de María Centurión
A Coleção Gralha Azul acolhe uma obra que pulsa espiritualidade, transformação e conexão com a natureza ancestral: Onde dormem as nuvens, da artista multidisciplinar María Centurión.
Nascido entre montanhas e floresta, o livro atravessa um ciclo de metamorfose pessoal e coletiva, costurando feridas, silêncios e renascimentos com a força poética de quem escuta o chamado da terra e do invisível.
🌿 Onde dormem as nuvens está em pré-venda exclusiva e pode ser adquirido no link:
👉 benfeitoria.com/gralha
Apoie a literatura independente, fortaleça vozes sensíveis e receba essa travessia poética no seu lar.