Em sua estreia na literatura, a autora Érica Dias Gomes lança Das Entranhas, uma obra intensa que mergulha nas camadas mais profundas da experiência humana. Com uma escrita direta, crítica e visceral, o livro reúne poemas escritos durante um período de crise depressiva, transformando dor, angústia e desconforto em linguagem poética.
A publicação chama atenção na cena da poesia contemporânea por sua força emocional e seu olhar atento às contradições sociais. Das Entranhas percorre temas como saúde mental, espiritualidade, feminilidade, crítica ao moralismo e o peso de existir em um corpo politicamente marcado. Em meio a imagens duras e reflexivas, a autora convida o leitor a confrontar verdades incômodas e silêncios impostos.
Nesta entrevista exclusiva ao blog da Toma Aí Um Poema, Érica Dias Gomes fala sobre o processo de criação do livro, os desafios de escrever em meio à dor e o papel da arte como possibilidade de sobrevivência. Um testemunho poético e potente sobre existir — e resistir — através das palavras.

Fale um pouco sobre você — quem é Érica Dias Gomes na vida cotidiana e quem se revela quando você começa a escrever?
Sou mulher, mãe, feminista, professora — e foi no exercício da docência que me apaixonei por brincar com as palavras. Vivi entre Minas e Rio durante parte da vida, até que, há quinze anos, fixei residência em Guarapuava, no Paraná. Comecei escrevendo poesia e poesia visual, explorando jogos de palavras e suas materialidades, impulsionada pela minha paixão pela poesia concreta e por artistas contemporâneos que investigam as possibilidades sonoras, imagéticas e cinestésicas da linguagem.
Desde então, venho experimentando formas de fazer arte a partir da palavra: poesia, micro e minicontos, videopoesia, videoarte. Às vezes me pergunto se essa busca estética já se anuncia no instante em que começo a escrever… O que produzo, em geral, parte de aspectos autobiográficos ou de vivências cotidianas que me atravessam e reverberam em mim.
Acredito que meus textos revelam temas recorrentes como angústia e dor, rupturas e recomeços, inadequação e introspecção — marcas de quem convive com o sofrimento psíquico e a depressão. Esses temas se entrelaçam a reflexões sobre o ser mulher, o descobrir-se feminista e o papel da linguagem como possibilidade de inscrição e resistência no mundo.
Como nasceu a ideia do seu livro “Das Entranhas” e por que você escolheu exatamente esse título?
“Das Entranhas” surgiu em uma fase de profunda introspecção na minha vida, iniciada durante a pandemia e intensificada no período de doutorado em que ainda me encontro. Nesse processo, venho buscando um autoconhecimento que me permita promover algumas transformações internas — uma tentativa de equilíbrio entre as pressões externas e o desejo de renovação.
Quando surgiu o edital da Coleção Gralha Azul, reuni textos escritos ao longo desse período, que refletem justamente essas inquietações e reflexões. O título, retirado de um verso presente no livro, reforça esse contexto e aponta para o caráter de introspecção e expurgo que permeia a obra.
Se tivesse que resumir sua livrete em três palavras, quais seriam?
Introspecção, expurgo e resistência.
Durante o processo de escrita, houve algum momento em que a o livro te surpreendeu — uma descoberta sobre você ou sobre o tema que capturou sua atenção? Você poderia compartilhar com a gente?
Acredito que o teor introspectivo do livro — embora não tenha sido algo planejado — acabou se revelando naturalmente quando comecei a organizar as temáticas. Mesmo os poemas que tratam de questões mais amplas, como “A verdade não estava ali”, fazem parte do meu processo de repensar a visão que tenho do mundo e de mim mesma.
Qual sentimento você mais espera despertar nos leitores ao ler seu livro: inquietação, nostalgia, esperança ou outro? E por quê?
Essa é uma pergunta difícil de responder, porque acredito que o mais interessante é justamente não esperar uma reação específica, e sim acolher a diversidade de interpretações que a obra pode despertar. Gosto de pensar que ela possa provocar alguma inquietação — e, para mim, a inquietação é valiosa, porque remete ao movimento, à busca, à possibilidade de transformação.
Gostaria de acrescentar mais alguma reflexão, comentário ou curiosidade sobre sua obra para os leitores perceberem melhor sua proposta?
Gosto de abordar certas temáticas — ou, talvez, de tratar essas questões de uma forma que pode não soar otimista ou ingênua. Para algumas pessoas, isso pode parecer pessimista. Mas, na verdade, o que me interessa é justamente a busca por uma forma de resistência e por vivências que possibilitem uma liberdade possível. Acredito que essa postura também está presente nos meus textos.

Onde comprar “Das Entranhas“, de Érica Dias Gomes
A Coleção Gralha Azul já está no ar! E o livro Das Entranhas, de Érica Dias Gomes, é uma das potentes obras que compõem essa série dedicada à poesia contemporânea produzida no Paraná.
Escrito a partir de um mergulho íntimo e visceral, Das Entranhas reúne poemas que atravessam temas como saúde mental, feminilidade, espiritualidade, crítica social e os silêncios que nos habitam. Uma escrita corajosa, que transforma dor em linguagem e confusão em busca.
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