Entrevista com Eleonora Gomes, autora de “Instantâneos” | Coleção Gralha Azul

Em Instantâneos, Eleonora Gomes estreia na literatura com um projeto poético ousado, nascido no ambiente efêmero das redes sociais e transposto para o papel com a mesma intensidade visual e sensível de sua origem. Artista plástica de formação, Eleonora transforma pensamentos, afetos e urgências em poemas curtos, datados, como fragmentos de um diário íntimo compartilhado com o mundo.

O livro tem como marco inicial o dia 30 de outubro de 2019 — data em que a autora começou a publicar textos no modo stories, registrando emoções e reflexões com a fluidez e a vulnerabilidade que a linguagem digital permite. Preservando o caráter visual e espontâneo de cada postagem, Instantâneos resiste à fixidez da forma e aposta na liberdade radical da palavra como gesto, traço e presença.

A obra chama atenção na Coleção Gralha Azul por sua estética híbrida e pela potência com que traduz a vivência do agora em linguagem poética. Mais do que um livro de poemas, Instantâneos é um arquivo sensível de pensamentos que se recusaram a desaparecer — e que agora ganham permanência no tempo impresso.

Nesta entrevista exclusiva ao blog da Toma Aí Um Poema, Eleonora Gomes compartilha o processo de criação do livro, suas influências estéticas e o modo como a palavra, o corpo e o instante se entrelaçam em sua escrita.

Eleonora Gomes
Eleonora Gomes

Fale um pouco sobre você — quem é Eleonora Gomes na vida cotidiana e quem se revela quando você começa a escrever?

Sou curitibana, artista plástica, e moro com meu marido, Luiz, nossa filha, Olivia, e nossas duas cachorrinhas, Lindinha e Cocada, em nossa casa-ateliê. Ultimamente, minha vida se divide entre as atividades da casa, da família e do dia a dia no ateliê. É interessante essa mistura — tudo se atravessa! E a escrita está em todos esses lugares.

Escrevo enquanto pinto, enquanto dobro roupas e papéis, quando deito, quando acordo… Escrevo nos meus cadernos, em rascunhos, na parede, na tela da pintura e também na do celular. É na escrita que pedaços de mim se revelam — fragmentos que, muitas vezes, só a palavra consegue trazer à luz.

Como nasceu a ideia do seu livro “Instantâneos” e por que você escolheu exatamente esse título?

O desejo partiu de mim e tem um início muito claro: 30 de outubro de 2019. Foi quando, pela primeira vez, pensamentos, anseios e ideias se concretizaram em palavras e tomaram a tela do meu celular, sendo publicados por 24 horas no modo stories de uma rede social.

Sempre foi um impulso — algo do instante! Estava vivo ali, naquele momento. Por isso o nome Instantâneos.

Tinha o caráter de um pequeno segredo passageiro, por causa das características das redes sociais, o que, de certa forma, me deixava mais leve, já que tudo desapareceria rapidamente. Era só um instante. E isso bastava.

Se tivesse que resumir sua livrete em três palavras, quais seriam e por que elas capturam a essência da obra?

Desobediência, vivacidade e plástica. Acho que, pelo caráter súbito da escrita, ela não carrega uma preocupação formal. O que me move é o interesse pela experiência, pela força do momento, pelo impacto — pelo todo. É uma escrita que não busca a forma perfeita, mas o atravessamento. O fim, talvez, seja mais sentir do que concluir.

Durante o processo de escrita, houve algum momento em que a o livro te surpreendeu — uma descoberta sobre você ou sobre o tema que capturou sua atenção? Você poderia compartilhar com a gente?

Acho que, depois de mais de dois anos escrevendo dessa maneira — poemas na tela do celular —, chega um momento em que você olha para tudo e percebe o conjunto… e percebe que há um corpo ali. A surpresa é justamente essa: olhar e perceber que aquilo existe, que está aí — e que, de alguma forma, já nem é mais seu.

Qual sentimento você mais espera despertar nos leitores ao ler seu livro: inquietação, nostalgia, esperança ou outro? E por quê?

Queria que as pessoas tivessem vontade de fazer — fazer o que se quer de súbito, sem pensar demais. Falar o que vem à boca e simplesmente deixar sair. Escutar. Respeitar aquele gesto que acontece sem planejamento. Porque ele extrapola. É deixar acontecer, deixar vazar, sentir. Acho que isso seria lindo.

Gostaria de acrescentar mais alguma reflexão, comentário ou curiosidade sobre sua obra para os leitores perceberem melhor sua proposta?

Acho que a escrita é sempre uma tentativa — de explicar algo, de se entender, de criar narrativas ou simplesmente de ser. Neste mundo vasto, nada é completamente certo, então seguimos com o incerto. E, nesse caminho, as palavras parecem trazer uma certa ordem à desordem.


Onde comprar Instantâneos, de Eleonora Gomes

A Coleção Gralha Azul já está no ar! E o livro Instantâneos, de Eleonora Gomes, é uma das obras que integram essa série dedicada à poesia contemporânea produzida no Paraná.

Com uma linguagem livre, visual e marcada pelo impulso do instante, Instantâneos reúne fragmentos poéticos que nasceram no ambiente digital e agora ganham forma impressa sem perder sua essência fugidia. São textos que atravessam o cotidiano, o corpo, o tempo — e se afirmam como presença e gesto.

📱 Instantâneos está em pré-venda exclusiva e pode ser adquirido no link:
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