(A resposta é sim… mas só se você for livreiro! Hahaha – mas calma, ainda tem saída.)
Essa é a pergunta que ecoa nos bastidores de toda mesa de lançamento, nas caixas de e-mail dos editores, nas conversas entre autores independentes e, claro, nos devaneios de quem sonha em largar tudo para viver de literatura: dá pra viver da venda de livros no Brasil?
Bom… dá.
Mas quem está vivendo disso, geralmente, não é o autor.

Quem vive da venda de livros?
Gráficas, plataformas de impressão, marketplaces, editoras grandes (algumas), distribuidoras, transportadoras, e principalmente… livrarias.
Se você é livreiro, parabéns: você pode viver da venda de livros.
Você compra por R$ 25, vende por R$ 60, parcela em 10x e ainda tem leitor agradecido dizendo que sua vitrine salvou o dia. Tá no lucro.
Mas e o autor?
O autor, esse resistente
O autor, muitas vezes, é quem mais trabalha e quem menos recebe. Escreve, revisa, paga edição, cuida da capa, do miolo, imprime, carrega caixa nas costas, posta no correio, atende leitor no WhatsApp, responde elogio no Instagram, participa de feira, performa, vende.
E no fim, o lucro, quando muito, é de R$ 5 por exemplar — isso se tiver lucro.
Mas calma: não é pra desistir.
Então o que fazer?
A boa notícia é que, apesar do sistema tradicional favorecer outras figuras da cadeia do livro, há caminhos possíveis para viver de literatura — principalmente se você for autor e empreendedor.
Alguns exemplos:
- Pré-venda e financiamento coletivo: quando bem estruturados, garantem capital antes da impressão e criam comunidade em torno da obra.
- Venda direta ao leitor: via redes sociais, site próprio, eventos. O lucro é maior e o contato é mais sincero.
- Projetos aprovados em editais públicos ou privados: muitos escritores mantêm sua produção financiada por esses mecanismos.
- Multiplataformas: transformar seu livro em podcast, curso, palestra, oficina, conteúdo digital, etc.
- Ecossistema independente: participar de editoras coletivas, feiras alternativas e casas literárias que compartilham custos e divulgação.
Dá pra viver?
Dá. Mas não só da venda avulsa de livro em livraria tradicional.
É preciso pensar em sustentabilidade literária como um projeto de longo prazo: construir público, diversificar fontes de renda, se aproximar de coletivos e pensar o livro como parte de algo maior — uma obra, uma performance, uma conversa, uma militância, um gesto de linguagem.
E sim, de vez em quando, rir da própria desgraça ajuda:
“— Você vive da venda de livros?”
“— Vivo sim… Mas só se for vendendo livro dos outros.”
(Brincadeiras à parte: resista, reinvente, publique. Você não está só.)