No Brasil, publicar um livro ainda é um privilégio para poucos. As barreiras são muitas: custo elevado, falta de acesso a editoras, ausência de redes de apoio e um mercado editorial que tende a priorizar nomes já consagrados. Foi nesse cenário desigual que nasceu a TAUP — Toma Aí Um Poema, uma iniciativa que não apenas publica livros, mas transforma a publicação em um verdadeiro ato social.
Fundada em 2020 por Jéssica Iancoski, a TAUP é a primeira editora-ONG do Brasil, com foco em inclusão editorial, democratização da leitura e impacto cultural direto. Desde sua criação, a TAUP já publicou mais de 1.000 autoras e autores, muitos deles em sua primeira experiência editorial, e movimentou quase 1 milhão de reais em arrecadações coletivas — tudo por meio de campanhas de pré-venda e crowdfunding literário.
Mas o que diferencia a TAUP de outras editoras independentes é o compromisso não apenas com o livro enquanto produto, mas com o livro como ferramenta de transformação social. Por isso, cada publicação da TAUP carrega um projeto maior: ampliar o acesso, descentralizar a cultura e acolher vozes que historicamente foram excluídas do mercado editorial.
🟢 Inclusão como pilar editorial
Hoje, mais de 60% dos autores publicados pela TAUP pertencem a grupos historicamente minorizados: mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas, pessoas com deficiência, neurodivergentes e autores periféricos. Muitos deles jamais se imaginaram dentro de um livro, muito menos com seus nomes estampados na capa.
A TAUP não impõe filtros estéticos nem editoriais que excluam pela linguagem, pela origem ou pelo tema. Pelo contrário: acolhe a diversidade como parte central da sua missão. Publica poemas que nascem do cotidiano, das margens, das ausências — e, ao fazer isso, redefine o que pode ou não ser literatura.
📦 Do financiamento coletivo à entrega no território
O modelo de pré-venda coletiva adotado pela TAUP é uma das grandes inovações no setor. A cada novo projeto, a editora lança uma campanha acessível, transparente e com alto engajamento de leitores e parceiros. O valor arrecadado viabiliza toda a cadeia: produção editorial, impressão, distribuição e envio gratuito para autores e comunidades.
Além disso, a TAUP realiza ações de distribuição de livros em espaços periféricos, feiras populares e comunidades com pouco acesso à leitura. Parte das edições financiadas são doadas, outras são vendidas com valores acessíveis — e todas carregam o mesmo cuidado editorial, gráfico e afetivo.
Com isso, o que poderia ser apenas um projeto de nicho se transforma em um modelo replicável de economia criativa no terceiro setor, mostrando que é possível fazer livros com qualidade e consciência social.
📚 Um livro que nasce é um mundo que se abre
A TAUP prova, dia após dia, que a publicação de um livro pode ir muito além do circuito comercial. Pode ser um gesto político, um abraço poético, uma ferramenta de inclusão. E mais do que isso: pode mudar a vida de quem escreve e de quem lê.
Na contramão de um mercado editorial concentrado, elitizado e pouco acessível, a TAUP mostra que o futuro do livro pode ser mais diverso, democrático e descentralizado. E que publicar é, sim, um ato de resistência — principalmente quando o mundo insiste em calar certas vozes.
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