Seis poemas de Bruno Andradi, para o Toma Aí Um Poema.
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Por um mundo com mais poesia!
Músico, produtor cultural, compositor e apaixonado por poesia. Sou um homem de poucas palavras, meias verdades e literalmente sem medidas Alguns livros escritos, mas ainda não consegui lançar nenhum. Procuro oportunidade de lançar meu primeiro livro.
Reconto
A mão que afaga um tonto
A mentira que aumenta o conto
A aposta pra ganhar um ponto
Sentimento bobo é esse que faz palpitar?
O beijo que engana um bronco
Um trocado que voltou com desconto
O xingo anuncia o confronto
A ressalva que veio pra apartar
A língua que maldisse, no entanto
Precipitada pelo susto do engano
O grito tão esperado, o almoço tá pronto!
O assunto que faz todo mundo calar
A fala soluçada pelo pranto
Um gole que sossegou o espanto
Compromisso que se negou por tanto
Todo dia é desse modo e só o delírio faz variar.
Desgracença
Desgraça que assola meu caminho
Que me dá rasteira e me faz trupicar
Solidão que se alegra em me ver triste
No lombo de um burro a vagar
A desgraça me cumprimenta a cada porteira da vida
Solidão dá gargalhada e cospe no chão
Feliz a me ver chegar.
Outrora
O vento com saudade de outrora,
Deu dois “toc, toc ” na porta
Pra acordar a felicidade que dormia de pijama
Pelo tardar da hora
E com cara de sono a felicidade acordou,
Jogou um pouco d’água na cara,
Vestiu sua melhor roupa e falou
Vambora!
Balada Do Fim de Mundo
Ao que se principia a escrita
A palo e a bafo seco
Rastro de pinga e tiro de pólvora
Ao som do arvoredo
Sacudindo as galhas
Surrando o tronco
Como uma chibata forte
Pé de pau ainda que fosse verde
Ao invés do revés de fato
Noutro punhado de mês
Olho como que quem vê
A chuva caindo, estralando
No chão rachado do córrego seco
Cigarra berrando as urras
Nas galhas secas igual veia
Aboio corta o cerrado de leste a oeste
De canto a canto desse planeta
Falo que couro de boi tem cheiro sim
Pra mim cheira saudade
Meu gibão é minha casca
Meu sertão minha alma
E os calos na mão contam minha história…
Amor Platônico Para Um Coração de Plástico
Estarrecido em ver te nua e crua
Tão crua quase que regurgitei tua carne
Engoli seco, parei um segundo de respirar
E no momento seguinte já ciente que estava certo
Agora livre de você e de alguma burra culpa
De ter errado por não te querer mais
Meu coração cauterizado e agora sóbrio
Conseguirá bater num “bit” comum pra mim
Sem ser mais morada para aquele burro amor que um dia senti
Na realidade acho que foi bom ver na real
Que quem não merecia alguém era eu
Que todo esse tempo me esfolei a toa por você
Espero que agora finalmente vá embora
Não me importa se vai pra longe
Se vai conseguir carona ou seguirá direto pro inferno
Não quero mais lembrar que um dia fui tolo
Nem que seu gosto esteve por noites em minha boca
Quaisquer que tenham sido nossos momentos acabaram
E a partir de hoje digo que tudo foi um mero engano
Um dia ter conhecido você.
Mãe da Rua
Mãe da rua, pai nosso que não me quer
Acolhe os filhos meus, os filhos teus e de quem mais vier
Mãe da rua que não julga só está pra cuidar
Cabeça não foi feita pra bater e sim pra acariciar
Mãe da rua minha, que me escolheu
Que me abraça nas noites de frio
Que me dá o que alguém prometeu
Rua que aceita o preto, a puta e o ladrão
Não to aqui pra julgar ninguém, só procurar meu pão
Na rua o pai nosso é a oração de todo frouxo
Cada um é por ninguém e ninguém é cada um do outro
Não rua é que a graça tem cara de bicho
Rua, desgraça, cobertor, chão duro forrado de lixo.
Amém.
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Guga Ramos
diz:Bruno, gostaria de pedir a permissão de colocar um trecho de um poema seu em uma musica minha
“Raízes sob o céu, raízes intensas
Em tom de sépia, o tom da pele é preta
Raízes Unganga, destino desde menino
Mamãe, papai, vovó, catimbó Olorum-nação
Raízes que andam se espalham no chão
Ancestral, sementes pra nascer novo tom
Raiz é poema, em alto em bom som”