Buraco Quente – Antologia de literatura erótica feminina

A editora Garoupa lança na Ria Livraria o primeiro título de Piranha, seu selo destinado a literatura erótica
De Iara Rennó, Amara Moira, Lídia Codo, Bete Brait Alvin, Kah Dantas, Geruza Zelnys, Lucia Santos, Monique Prada, Marcia Barbieri, Marina Ruivo, entre outras autoras

No sábado, 5 de julho, às 18 horas, a Editora Garoupa vai fazer o lançamento de Buraco Quente – Antologia de literatura erótica feminina, o primeiro título de Piranha, seu selo destinado a literatura erótica. O evento acontece na Ria Livraria – R. Marinho Falcão, 58 – Sumarezinho, São Paulo – SP. Algumas autoras estarão no evento e farão leitura de seus textos. A entrada é gratuita.

Organizada pela editora, escritora e pesquisadora Marina Ruivo, a antologia traz textos de Adriana Garcia, Adriana Mondadori, Alice Queiroz, Amara Moira, Ana Dos Santos, Anna Apolinário, Beth Brait Alvim, Carolina Montone, Catia Cernov, Cibely Zenari, Cida Pires, Cíntia Colares, Fernanda Jaber, Geruza Zelnys, Giselle Ribeiro, Helena Tabatchnik, Iara Rennó, Isabella Miranda, Kah Dantas, Leila Ferraz, Lídia Codo, Lúcia Santos, Maíra Valério, Márcia Barbieri, Maria Fentz, Marina Ruivo, Monique Prada, Ná Estima, Natália Nolli Sasso, Natânia Lopes, Sílvia Caselatto, Tereza Almeida, Yolanda Serrano Meana.

Buraco Quente – Antologia de literatura erótica feminina

Editora Garoupa
Preparação de originais: Carolina Passos
Revisão: Maria Paula Lucena Bonna
Diagramação: Vagner Mun
Fotos do miolo: Nana Santos (@nanasantos.pa)
Capa: Cristiano N. A.
Edição: Marina Ruivo
Páginas: 172
ISBN: 978-65-987299-0-5
Preço: R$ 55
https://www.garoupaeditora.com.br/

SERVIÇO:
Lançamento: Buraco Quente – Antologia de literatura erótica feminina
Ria Livraria – R. Marinho Falcão, 58 – Sumarezinho, São Paulo – SP

Sábado, 5 de junho de 2025, às 18 horas
Entrada gratuita

Os livros estarão à venda no local

ASSESSORIA DE IMPRENSA
Carola González
miceliocomunicacao@gmail.com

Sobre Buraco Quente
Por Marina Ruivo

Editora da Garoupa

O universo dos contos eróticos — e da literatura erótica, de modo amplo — surgiu para mim quase por acaso. Era o ano de 2013, eu havia concluído há pouco meu doutorado e estava frequentando pela primeira vez uma oficina de escrita, na busca de enfrentar os fantasmas deste desejo, o da escrita. Tinha colocado algo de forma muito clara para mim: ou eu daria, enfim, vazão a tal desejo, sem medo, ou colocaria nele um ponto final e deixaria tudo para lá, fixando-me na carreira acadêmica.

Em meio a essa decisão, a primeira oficina de que participei foi do escritor Marcelino Freire, uma experiência marcante e que acabou me levando, com os anos, a desistir não da escrita, mas da outra opção, a academia — o que daria origem a outra história, mas esta não cabe

aqui, onde o que importa é a erótica. E foi nessa oficina que ela abriu suas portas para mim, pois um dos exercícios que Marcelino nos passou foi o de escrever um conto do gênero. Era algo absolutamente novo para mim e parti de onde imaginei que podia, antes de qualquer tentativa de escrita: da leitura. Tinha em casa uma edição de Delta de Vênus, de Anaïs Nin, e me pus a ler os seus contos, para depois brincar de me colocar em uma situação semelhante à que a autora se encontrou quando os escreveu. Ou seja, tentei imaginar como Preliminares seria se eu tivesse que escrever contos eróticos por encomenda — e com a missão explícita de que eles excitassem o leitor. Será que eu conseguiria?

Foi dessa brincadeira que surgiu a primeira versão de “Riozinho”. Mostrei o conto aos meus colegas de oficina e ao Marcelino, publiquei-o num zine da nossa turma e, depois, em uma revista digital só de arte erótica, hoje extinta (Sexus). Recebi críticas em geral positivas, tanto no âmbito literário, quanto no sentido de que, sim, as pessoas tinham se sentido excitadas durante a leitura. Alguns leitores homens, no entanto, disseram que o narrador ainda não estava plenamente convincente como uma figura masculina, uma observação que registrei em um canto da mente, deixando para verificá-la quando fosse publicar o conto em um livro.

No ano passado, ministrei uma oficina em que o desafio proposto aos participantes foi o mesmo que eu tinha me imposto: lermos os contos de Anaïs Ninn e tentarmos escrever a lgosemelhante, isto é, algo que funcionasse como um bom conto, em termos literários, e que tivesse a capacidade de excitar sensorial e sensualmente o leitor. Foi uma experiência saborosíssima e, dela, duas participantes comparecem aqui neste livro, Cida Pires e Sílvia Caselatto. Quando elaborei a oficina, havia pensado na publicação de um livro de contos como um resultado final, porém a ideia acabou não vingando. Ou melhor, não naquele momento.


Neste ano, conversando com Cristiano N. A. a respeito da editora e de seus caminhos possíveis, surgiu a ideia de criar um selo propriamente erótico, e foi então que ele apresentou a sugestão do nome. No universo dos peixes da Garoupa, o selo erótico só pode ser o Piranha, falou. Rimos muito e adoramos. Pronto, o selo tinha um nome e a Piranha tinha que nascer. Cristiano assumiu a missão de criar o logo, esta poderosa boca de piranha, e eu passei a pensar no que seria seu primeiro livro. Desde o início, imaginei que ele teria de reunir apenas textos escritos por mulheres, pois nós é que somos, ainda hoje e apesar de todas as lutas e conquistas feministas, situadas como objetos do desejo erótico masculino, ou, então, vistas como os seres que deveriam ser desprovidos de desejo, mero receptáculo assexuado do masculino. Dar voz ao desejo feminino e às muitas formas de olhar o sexo das mulheres é o que move este livro, cujo título, aliás, também foi sugerido pelo Cristiano, e novamente como uma brincadeira-provocação: Buraco quente.

Comecei a convidar as mulheres, cis e trans, procurando descobrir nomes de autoras que estivessem em várias regiões do país, de várias idades e vivências. E assim fui chegando, com o auxílio generoso das próprias autoras e do editor Genio Nascimento (da Gênio Editorial), a este time fantástico que está aqui, e que figura as múltiplas formas da erótica literária contemporânea. Há, assim, contos e poemas que falam orgulhosamente de nosso órgão sexual, como os poemas de Natália Nolli Sasso, Ana Dos Santos e Lídia Codo, e há textos paródicos e críticos, como o delicioso “Dolores”, de Geruza Zelnys, ou irônicos, como “Confissões de uma histérica”, de Márcia Barbieri, que nos leva a conhecer mais uma personagem feminina viciada em sexo. Há os textos em prosa poética, como “Me chame de Legião”, de Anna Apolinário, ou “Concupiscência”, de Kah Dantas, e ainda os diálogos eróticos com a própria língua e a literatura, feitos por Giselle Ribeiro.

Estão presentes também os textos que falam de experiências sexuais inusitadas, como a que se propôs a narradora de “O túnel”, no conto de Cida Pires, ou aqueles que se propõem ensinar o que o homem deve fazer para nos dar prazer, como “Manual”, de Helena Tabatchink, bem como textos que falam de encontros e desencontros sexuais e amorosos, como os poemas “Da epiderme ao osso”, de Ná Estima, e “É lá no céu que acontece”, de Cíntia Colares, ou os contos “Escrito na areia”, de Sílvia Caselatto, “Do doce ao gozo”, de Adriana Mondadori, e ainda “Quer café?”, de Maria Fentz, e “Cangote”, de Carolina Montone.

Estão aqui também os textos que falam especificamente das delícias do sexo entre mulheres, como o poema “Nas alturas”, de Cibely Zenari, e o conto “O jantar”, de Adriana Garcia, além de textos que enaltecem o prazer sexual inclusive quando o sexo é profissão, como o conto “Babel” de Monique Prada, ou o poema “Parafina”, de Alice Queiroz. E há, por outro lado, aqueles que trazem o peso da culpa que às vezes ainda permeia o sexo, sobretudo quando ligado a experiências não consentidas, questionando-a, como no conto “Camilo em uma noite”, de Tereza Almeida, ou mesmo experiências permeadas pelo tenso cruzamento com o universo religioso, como “Benedictus”, de Natânia Lopes, ou “A régua do desejo é uma palmatória”, de Maíra Valério. Há ainda um conto todo em bajubá, divertidíssimo e escrito a quatro mãos, por Amara Moira e Isabella Miranda, e textos provocativos e brincalhões, como o “Poeminha” de Iara Rennó, ou o delicado poema “Tarde de jogos”, de Yolanda Serrana Meana.

Há poemas curtinhos, como uma rapidinha, tal qual os haicais de Lúcia Santos ou Fernanda Jaber, e há poemas bem mais longos. Há também aqueles que dialogam com o surrealismo, como os de Beth Brait Alvim e Leila Ferraz, ou os afiados poemas de Catia Cernov, que fazem uso de um registro todo próprio da linguagem. Em Buraco quente, como se vê, a variedade é o que reina, como várias são as formas de dar vazão ao desejo erótico. Para a minha participação, resolvi voltar a “Riozinho”, e acabei por reescrevê-lo, ainda que preservando seu enredo e personagens. É ele, inclusive, o único conto que fala a partir da ótica de um narrador e personagem masculino, mas resolvi mantê-lo assim, até porque acredito que pode ser bem interessante uma mulher escrever um conto erótico do ponto de vista masculino. Fomos narradas e representadas por homens desde sempre, por que não podemos inventar experiências para narradores masculinos? A ficção é o território da liberdade — e nisso ela se aproxima de forma muito íntima da erótica.

Este livro, leitora, leitor, é para você. Para você se divertir, se deliciar, rir, se emocionar e, evidentemente, se excitar.

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