Essa é uma daquelas perguntas que tiram o sono de muitos autores e autoras na reta final do original. Porque o poema de abertura não é só o primeiro — ele é o cartão de visitas, a porta entreaberta, o gesto de “chega mais” pro leitor.
Não precisa ser o seu melhor poema, nem o mais elogiado. Mas precisa ser aquele que segura o olhar de quem abre a primeira página — e convence a virar a segunda.
É o poema que inaugura um pacto silencioso: vem comigo que isso aqui vale a pena.
Neste post, reunimos dicas práticas, observações editoriais e sugestões que têm circulado entre autores independentes para ajudar quem está organizando seu livro de poesia e travou bem nessa dúvida: qual poema começa tudo?
Mas afinal, como escolher esse poema? Vamos de dicas práticas:

📍 1. Pense como um convite
O poema de abertura é o momento de apresentar o clima. Ele não precisa ser o mais forte, o mais lírico ou o mais profundo — mas precisa dizer ao leitor: “vem comigo, vale a pena entrar nesse mundo.”
Muita gente escolhe um poema que introduz os grandes temas do livro, que planta pistas, que provoca curiosidade. Como uma entrada sutil antes do mergulho.
🎯 2. Escolha um texto com identidade
Abertura é sobre posicionamento. Um bom poema de início já mostra a estética, a linguagem e o tipo de sensibilidade que o livro vai explorar. Pode ser um poema-manifesto, pode ser um sussurro. Mas ele precisa carregar a marca da sua escrita.
Dica prática: evite poemas muito fora do tom do resto do livro. O leitor pode se decepcionar ao virar a página.
💥 3. Comece com impacto (quando fizer sentido)
Alguns autores preferem abrir com um soco no estômago. Um poema forte, memorável, que já deixe o leitor paralisado na primeira página. Isso funciona bem para livros com proposta mais política, crítica ou intensa.
Só cuidado: se for um impacto alto demais, os poemas seguintes precisam sustentar esse ritmo. Senão, a experiência perde força.
🌿 4. Respeite o ritmo do conjunto
Lembre-se de que seu livro é uma trajetória. O poema de abertura é a primeira nota de uma música inteira. Ele deve dialogar com o segundo, o terceiro, e assim por diante. Teste sequências. Leia em voz alta. Veja o que flui.
Dica do grupo: alguns poetas imprimem os poemas e vão testando ordens até encontrar um fluxo orgânico.
🔍 5. Observe a reação dos leitores
Se você já publicou alguns poemas nas redes ou leu em saraus, pode ser interessante observar quais textos geraram maior conexão. Às vezes, o poema que abre o livro é aquele que abre corações — porque já tocou gente antes.
🧠 6. Não tenha medo de mudar de ideia
É comum trocar o poema de abertura mais de uma vez durante o processo de edição. Às vezes, um texto que parecia ideal no início perde força depois da diagramação pronta. Ou um poema que estava no fim ganha outro peso quando colocado no começo. Deixe o livro respirar — e escute o que ele pede.
📌 Conclusão: o primeiro poema é só o começo
Não existe fórmula exata — o poema de abertura depende do livro, da proposta, da voz do autor. Mas uma coisa é certa: ele importa. Porque é a porta de entrada, o aperto de mão, o cheiro da casa nova.
Então escolha com cuidado, com coragem e com escuta.
Porque a primeira página, no fim, é um pacto silencioso entre quem escreve e quem lê.