Black Friday da Poesia: O Que Dizem os Poetas Independentes?

Imagem de Elisa por Pixabay
Imagem de Elisa por Pixabay

Final de novembro. O feed é tomado por eletrônicos em promoção, tênis com “80% OFF” e panelas parceladas em 12x sem juros. No meio desse caos comercial, uma voz surge, meio tímida, meio debochada: “livro de poesia também entra na Black Friday, viu?”.

Sim, meus versos estão em oferta. Mas não se engane: não é liquidação de alma.
É estratégia de sobrevivência.

Nos últimos anos, poetas independentes passaram a participar da Black Friday com seus próprios livros, zines, kits literários e coleções artesanais. A iniciativa, que antes causava estranhamento — “poesia entra em liquidação?” — hoje é vista como uma oportunidade legítima de visibilidade e renda. E também como crítica afiada ao mercado.

Porque se a poesia não vende o ano inteiro, ela que se esgueire por onde der.


💬 “Compre poesia, é o que eu tenho”

Em grupo de poetas, o assunto surgiu com humor e ironia. Alguns autores anunciaram seus descontos com memes. Outros fizeram posts elaborados, com artes promocionais e cupons de pré-venda. E houve quem oferecesse combos do tipo: “na compra de um livro, você leva uma playlist, um abraço virtual e um poema inédito”.

E tudo isso é marketing? É.
Mas também é autogestão, afeto e resistência disfarçados de desconto.

“Meu livro tá mais barato, mas não tá menos valioso. É só que eu também tenho boletos”, escreveu uma autora.


🛒 O mercado empurra, a poesia responde

A grande pergunta aqui é: o que significa fazer promoção de arte em datas pensadas para o consumo em massa?

A resposta não é simples. Mas muitos autores têm usado a Black Friday não como submissão ao sistema, mas como brecha. Uma espécie de “infiltração poética” no capitalismo selvagem. Se é pra vender, que seja com consciência. Se é pra baixar preço, que seja com crítica.

E cá entre nós: enquanto a livraria da rede empacota o “livro do mês” com lacinho vermelho e frases genéricas, os poetas independentes fazem da Black Friday um grito: “minha escrita também paga aluguel”.


🖋️ Poesia vale. E vale ser comprada.

A ideia de que poesia não pode ser vendida — ou que deveria ser sempre gratuita — ainda ronda o imaginário. Mas é hora de lembrar que poetas também trabalham. E que fazer um livro é caro. E que se ninguém comprar, não tem reimpressão.

Ao oferecer seus livros em promoção, o poeta não está se desvalorizando. Está dizendo: ‘quero ser lido. E quero pagar as contas também.’ E isso, em 2025, é quase revolucionário.


📦 Conclusão: Compre um poema — com ou sem cupom

A Black Friday da poesia é, ao mesmo tempo, ato político, campanha de sobrevivência e piada interna. É o poeta hackeando o sistema. É o verso passando pela brecha do algoritmo.

Então, se você ver por aí um autor oferecendo um livro com desconto, não ache estranho.
Aproveite. Compre. Presenteie. Compartilhe.
Porque talvez esse livro em promoção hoje seja o que vai te salvar num domingo à tarde.

E olha… tem coisa mais preciosa do que isso?

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