Três poemas de Ailson Lovato, para o Toma Aí Um Poema.
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Ailson Lovato é professor de Língua Portuguesa, Literatura, Redação e escritor capixaba. Além disso ocupa a cadeira nº 17 como membro efetivo da Academia Literária Castelense-ALC. Publicou aos 19 anos seu primeiro livro “Agridoce”, uma coletânea de contos e crônicas. Sua segunda obra “Janeiro de 95” encontra-se em fase de impressão. Apaixonado por crônicas, aventura-se agora na produção de poemas.
Se a memória fosse ácido
De todos os sons naturais
o da chuva caindo ao fim de tarde
embalados ao aperto do teu abraço quente.
Das diversas maneiras de me conquistar
os chocolates e cartas escritas à mão
com manchas de café derramado na folha de papel.
De todos os aromas
o da laranjeira florida.
Das minhas boas memórias
teu sorriso entre um beijo e outro.
(ainda que não sejam tão recentes).
De todos os momentos de medo
(mesmo aqueles quando cogitei lhe perder)
os filmes de terror e os sustos.
De todas as músicas
as da sua voz cantando pra mim
ou recitando poesias.
De todas as flores recebidas,
girassóis roubados de um jardim
ou plantados e colhidos pelo teu instinto protetor.
De todas as camas em que deitamos,
única e exclusivamente a sua
(fazer o quê?)
De todas as frutas
o agridoce de um maracujá
em um suco gelado, por favor.
(Conheces bem os meus gostos.)
De todos os toques
o da tua mão na cintura
ou no movimento do pescoço embalado por um beijo.
De todos os MELHORES toques
o do seu lábio.
De todas as tristes lembranças
as cartas não entregues
os beijos não dados
o abraço frouxo
a despedida que não aconteceu.
De todas as melancólicas lembranças,
aquelas que não chegamos a viver.
De todas as definições para amor,
o adjetivo ácido: porque você me corroeu por dentro.
Te conjuguei errado
Agora, parando pra observar,
talvez eu estivesse equivocado.
Com todas as suas falhas e manias imperfeitas
não cabia a mim querer te mudar.
O que a gente viveu não passa perto de um conto de fadas.
Porque eu fiz de você o meu vilão favorito – agora reconheço.
E eu me culpo por isso.
E de todos os arrependimentos que agora me são cabíveis
o de ter confiado demais, ter tido olhos só pra você
e de ter me entregado – em corpo e sentimento –
sabendo que, sentimentalmente, eu era desprezado.
Talvez eu tenha sido pra você um joguinho a ser baixado, usado e largado logo em seguida.
Você fez de mim um refúgio pros seus desejos carentes e passageiros.
Mas a culpa não é toda sua.
É que eu tenho essa mania de me lançar facilmente em aventuras perigosas.
De me apaixonar e de depois sofrer
(e é essa a razão de todo esse livro).
Me faltam palavras pra expressar o desprezo e a insignificância que você é agora.
E eu só escrevo pensando em você na expectativa de que todo esse sentimento
uma hora saia de mim por completo – o que eu acredito ser difícil.
Uma hora ou outra, essas lembranças vão querer me atormentar novamente.
E por agora escrever sobre você, talvez eu tenha te conjugado errado.
Gramaticalmente falando, você é agora meu pretérito-mais-que-imperfeito.
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Rotação e translação
Portanto, tento explicar a você,
os meus versos de amor.
É difícil tentar dizer
aquilo que é sentido.
Porque eu preciso estar com você
assim como a lua necessita da luz do sol.
E você, por brincar de sol,
tem feito meu mundo girar.
E, o que antes estava parado,
agora não quer mais parar.
Portanto, tento explicar a você,
os batimentos do coração.
A cada pulsar que ele faz
é um segundo da rotação.
Porque é, agora, nos oito planetas
que vem a inspiração.
Porque agora, tão distante, chamarei você de Plutão.
Portanto, tento explicar a você,
quando o amor surgir, o que fazer.
Porque já são quase dois meses
descontados da translação.
Porque tudo, agora, são flores.
Qual é mesmo a estação?
Nesses dias incríveis nada tem sido em vão.
Há uma bússola interna me mostrando a direção.
Portanto, tento explicar a você,
como se forma uma constelação.
Porque, ao te ver, meus olhos brilham.
E por viver em mim estrelas,
seria essa a explicação?
Enfim, tento compreender
como se deu essa junção.
Porque às vezes a gente se vê,
num dia sim, no outro não.
Porque eu tento ler teus sinais
feito um mapa mundial.
E com os dedos percorro teu corpo
numa viagem espacial.
Porque da Terra vamos ao céu
e é tudo tão corporal.
Apenas peço que seja meu sol,
pois teu calor é essencial.
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